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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

QUE DROGA!


Faz alguns meses que meu filho de 2 anos de idade apareceu dançando e cantando "reboleicho-cho", adaptando aqui mais ou menos o que a mãe dele e eu ouvimos. Vira e mexe (literalmente) ele ressurge com o reboleicho-cho, obviamente a versão dele para um dos atuais clássicos musicais de gosto duvidoso, para escrever o mínimo. Ficamos intrigados se a escolinha dele, bilingue, no bairro burguês de Higienópolis, em São Paulo, seria a origem de tal conhecimento e técnica coreográfica precoce.

Recentemente, numa tarde de sábado, a empregada foi flagrada na companhia do meu filho, diante do televisor da nossa sala, assistindo ao programa do Raul Gil, no SBT. Enigma decifrado. Durante o programa, além de "Rebolation", meu garoto esteve permeável à "dança do Kuduru", com suas previsíveis consequências. Já estamos esperando ele exibir o kuduru na igreja evangélica onde ocasionalmente frequentamos ou em uma reunião familiar, para um tia com notável formação musical. Que orgulho para os pais. Deveria ser pecado submeter cérebro tão tenro à idiotização.

Minha filha, de 10 anos, também enfrenta a plebe rude na escola dela, tendo que reproduzir os passos dessas "danças" da moda para poder se integrar ao grupo das coleguinhas, já que desconhece detalhes dos capítulos das novelas ou o que passou no Fantástico, para poder ter assunto com as meninas da idade dela. Ela tem de de se esforçar para esconder que ela gosta mesmo é de dinossauros (tem maquetes de todos os tamanhos, livros, coleções de fascículos, tudo comprado com a própria mesada dela por ela) para não parecer (muito) estranha. Recentemente, ela também desenvolveu muita curiosidade e interesse por assuntos como os mistérios dos Maias, Astecas e Incas, o Triângulo das Bermudas, o Triângulo do Dragão e a Área 51. Anda obcecada com as inscrições em Matchu Pitchu e arredores. Nada disso dá para ela engatar um papo na escola. Na escola, ela dança.

A palavra droga costuma se sinônimo de porcaria, coisa que não presta. Mas isso é um ponto de vista. Caso contrário, drogaria seria uma loja onde se vende coisas que não prestam. É outro ponto de vista. Pensam assim os homeopatas.

Mas nesse sentido das farmácias, drogas seriam remédios ou substâncias químicas manipuladas e combinadas para exercerem alguma influência no corpo humano (ou dos animais), geralmente com a intenção de produzir um efeito positivo. Essa última palavra é controversa. Afinal, o que é positivo?

Além dos programas dos sábados à tarde na TV aberta, a empregada é plugada 24 horas (por assim dizer) estações de rádio tais como Nativa FM, Tupi e Gazeta. Muito dinheiro movimenta essa indústria, vamos chamar de indústria do kuduru. Para quem ganha dinheiro com ela, tudo isso é extremamente positivo. E o efeito dessa programação na mente da audiência cativa (como os usuários de droga?) é semelhante ao entorpecimento, não resta dúvida que exercem grande influência no corpo delas, já que o cérebro faz parte do corpo e a mente deve ficar lá, não é? Na minha opinião, essas drogas impedem o raciocínio, deixam o cérebro lerdo. Mas, tudo, para quem gosta, é muito bom. Tudo depende de um ponto de vista. Como dizia minha avó, tem gosto pra tudo. O que seria do verde se todos gostassem só do amarelo?

Os chineses, quando adotaram o comunismo, aboliram a religião. Mao Tse Tung acusava a religião de ser o ópio do povo. O ópio é um alucinógeno, feito a partir das flores da papoula, muito usado pelos ricos de antigamente, para ficarem doidões, para "escaparem da realidade", para darem uma "viajada". O que eu acho que ele quis dizer é que a religião exerce um efeito na mente das pessoas de deixá-las entorpecidas, com a visão limitada, com os sentidos bloqueados. A religião impede o cérebro humano de ver a realidade como ela realmente é. Não deixa de ser verdade. Acontece que, depois de algum tempo, os próprios chineses também se deram conta que o comunismo também não presta e, hoje, estão em cima do muro. Ou seja, a política causa limitação na mente das pessoas e distorce a realidade.


Mas afinal, o que é realidade? Nos Estados Unidos, para se comprar cerveja em um supermercado, em um departamento isolado dentro da loja, com porta de separação, tem que se mostrar por meio de algum comprovante de identidade (já que lá não existe RG) ser maior de 21 anos! Não é possível, nos EUA, uma família, com papai, mamãe, vovô, vovó, titio, titia e crianças, almoçarem domingo juntos em uma churrascaria rodízio com cervejas e caipirinhas na mesa. Restaurantes que servem bebidas alcoólicas, não podem ser frequentados por menores de 21 anos de idade. Restaurantes familiares, praças de alimentação de shopping centers, padarias, só servem sucos, refrigerantes, milk shakes e leite.

Por outro lado, uma forma de comprovar a idade lá nos EUA, é mostrando a carteira de motorista, que pode ser adquirida aos 16 anos. Armas e munição podem ser comprados a partir dos 18. Ou seja, de uma forma ou de outra, com o carro ou com uma metralhadora, a possibilidade de matar pessoas lhe é franqueada pela lei americana bem antes de poder começar a matar a si mesmo, com o consumo de álcool. A realidade é muito relativa.

Teve uma época lá nos EUA, que a fabricação, o transporte e a venda de bebidas alcoólicas eram crime. Daria cadeia vender uma dose de Pirassununga ou vodca. Nessa época, chamada de "Lei Seca", subiu muito o índice de violência, corrupção policial, corrupção de políticos e deterioração da sociedade. A gente vê isso nos filmes sobre as gangues de Chicago dos anos 30 do outro século.


E a gente continua a ver a mesma coisa hoje em dia, no Rio de Janeiro, no México e em muitos outros lugares que importaram a babaquice dos americanos, que, parece, não aprenderam com seus erros. Só que agora, ao invés de bebidas alcoólicas, o vilão são as drogas, não aquelas vendidas em drogarias nem as transmitidas pela televisão, rádio, igrejas ou ideologias políticas. O resultado é semelhante: violência, contrabando de armas, formação de gangues, corrupção policial e política. Está provado que o modelo que não deu certo no século passado, continua dando o mesmo resultado neste.

As bebidas alcoólicas, que podem causar danos psíquicos, acidentes automobilísticos, violência doméstica, brigas em jogos e bailes, podem ser adquiridas em qualquer esquina, em qualquer padoca, em qualquer conveniente loja de conveniência de posto de combustíveis. Eu posso ter (e tenho) em casa. Olha aí, admito, sou usuário. E pago impostos para isso.

Os cigarros, que também viciam e causam danos psíquicos e físicos (pulmonares, oculares) aos usuários e quem estiver por perto, são livres para se comprar e vender. Os prejuízos são outros, ao meio ambiente, à saúde, mas não há gangues, a venda deles não gera violência, corrupção.

O que eu quero dizer com isso? Pense. Que droga.

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