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quarta-feira, 19 de outubro de 2011

I'm Gay, Marvin Gay

"What's going on?" Um dos meus alunos de inglês apareceu com uma dúvida a respeito do vocabulário da letra da música do Marvin Gaye. "O que está acontecendo?", seria a tradução do título. Ela foi composta em 1970, inspirada no irmão mais velho dele que voltava da guerra no Vietnã, e lançada apenas em 1971, a contragosto da gravadora Motown, que não queria arranhar a imagem de "símbolo sexual" de Marvin com canções políticas e de protesto.


O nome dele mesmo era Marvin Gay Junior e adotou a grafia do nome artístico de Marvin Gaye. Ele foi morto com um tiro pelo próprio pai, em 1984, na véspera do seu aniversário quando completaria 45 anos. Marvin deu de presente, quatro meses antes, o revólver que o matou ao Marvin Gay pai, que foi ministro da igreja Adventista do Sétimo Dia e com quem teve problemas de relacionamento a vida inteira.


Na época em que Marvin Jr. nasceu, em 1939, o sobrenome dele era apenas uma palavra, sinônimo de "happy", "glad", "content" e "joyful", ou seja, feliz. O pai dele, idem. Hoje, a palavra virou definição de orientação sexual, de estilo de vida, de classificação de moda, de tendência de cabelo, de especialização de turismo, de afirmação cultural e até de segmentação de publicações e seções das páginas de conteúdo na internet. Eu abro o UOL no domingo e lá está a seção de ESPORTE, a de ENTRETENIMENTO etc etc e, entre várias outras "GAY". Virou uma editoria. Deve ser um jornalismo especializado. Logo, vai ter essa disciplina nas faculdades de comunicação.


Virou moda ser gay. Todo dia mais alguém "sai do armário" e se declara, como o Zachary Quinto, que fez o "Sylar" na série de TV "Heroes" e reencarnou o "Spock" em "Star Trek". Quem é hétero anda até constrangido, se sentindo deslocado, principalmente no meio artístico e nas redações. Logo logo, vão ter se se firmar, fazer uma passeta do orgulho hétero na avenida Paulista, conseguir um suplemento específico na Folha de S. Paulo e encontrar pacotes turísticos e hotéis que os aceitem.




Já na época dos Trapalhões, os Marvins sofreriam algum constrangimento (ou confusão) ao se apresentarem com o sobrenome. Didi chamava Dedé, Zacarias e Mussum de "rapazes alegres", ou seja, "gays", como forma de deboche. Isso seria "bulling" hoje. Aliás, tudo é. Até o Cebolinha e o Cascão pentelharem a Mônica chamando-a de dentuça e gorducha é "bulling". Parodiando Marvin Gaye, "what's going on?" Que chatice.


Não se pode chamar ninguém de veado mais. Talvez nem os veados, os animais. É politicamente incorreto, é ofensivo, é preconceito. Entre eles, eles podem se chamar de "bicha" que tudo bem, mais ninguém. No Rio Grande do Sul e em Portugal, nos aeroportos, agências bancárias e bilheterias de cinemas, eles continuam "entrando no rabo da bicha" porque lá significa "pegar o final da fila". 


Flagraram um pastor e um veado se beijando dentro do carro!


Eu tenho amigos homossexuais, mas eles não precisam colocar essa condição para serem meus amigos. Eu os aceitaria como amigos mesmo que não fossem. E acho que eu também não preciso ser gay para eles me considerarem amigo. Gay não deveria ser uma categoria de pessoas, mas apenas uma intimidade. Se eu gosto de sexo por cima, por baixo, do lado, na cama, debaixo da cama, no mato, oral, manual, visual ou o escambau, é assunto meu. Acho que não preciso declarar minha opção, escrever na testa, para me apresentar para as pessoas antes de conversar sobre as coisas do mundo, tipo: "olá, prazer, eu gosto de quatro, e você?" Como se todo munto estivesse interessado só nisso, como se fosse isso que qualificasse as pessoas.


Do jeito que a coisa vai, o gay vai ter cota de admissão nas escolas, nas universidades. E isso será uma atitude preconceituosa, como eu acho que é contra os negros (ops, afro-descendentes). É uma maneira de dizer que eles são diferentes, deficientes, precisam de ajuda, requerem abrandamento das regras. O gargalo é sócio-econômico e cultural e não a cor da pele ou o que se faz com o ânus.


Por falar em cotas nas escolas, a educação brasileira também merece um "what's going on". Uma piada sensacional que, embora comprida, resume tudo. Ela me foi enviada pela minha amiga Lucinéia Nucci (e também a foto do pastor e do veado no carro). Olha só que coincidência: ela foi minha vizinha de condomínio durante quatro anos, até julho deste ano, quando eu me mudei de lá, e só este ano nós descobrimo que a irmã dela, Linette, foi minha colega na faculdade de jornalismo lá na Universidade Estadual de Londrina. Mas vamos à piada (que dá vontade de chorar):


A Evolução da Educação:

Antigamente se ensinava e cobrava tabuada, caligrafia, redação, datilografia...
Havia aulas de Educação Física, Moral e Cívica, Práticas Agrícolas, Práticas Industriais e cantava-se o Hino Nacional, hasteando a Bandeira Nacional antes de iniciar as aulas...

... Leiam o relato de uma Professora de Matemática:

Semana passada, comprei um produto que custou R$ 15,80. Dei à balconista R$ 20,00 e peguei na minha bolsa 80 centavos, para evitar receber ainda mais moedas. A balconista pegou o dinheiro e ficou olhando para a máquina registradora, aparentemente sem saber o que fazer.
Tentei explicar que ela tinha que me dar 5,00 reais de troco, mas ela não se convenceu e chamou o gerente para ajudá-la.
Ficou com lágrimas nos olhos enquanto o gerente tentava explicar e ela aparentemente continuava sem entender.
Por que estou contando isso?
Porque me dei conta da evolução do ensino de matemática desde 1950, que foi assim:

1. Ensino de matemática em 1950:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda.
Qual é o lucro?

2. Ensino de matemática em 1970:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é igual a 4/5 do preço de venda ou R$ 80,00. Qual é o lucro?

3. Ensino de matemática em 1980:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Qual é o lucro?

4. Ensino de matemática em 1990:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Escolha a resposta certa, que indica o lucro:
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

5. Ensino de matemática em 2000:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
O lucro é de R$ 20,00.
Está certo?
( )SIM ( ) NÃO

6. Ensino de matemática em 2009:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

7. Em 2010 ...:
Um lenhador vende um carro de lenha por R$ 100,00.
O custo de produção é R$ 80,00.
Se você souber ler, coloque um X no R$ 20,00.
(Se você é afro descendente, especial, indígena ou de qualquer outra minoria social não precisa responder pois é proibido reprová-los).
( )R$ 20,00 ( )R$ 40,00 ( )R$ 60,00 ( )R$ 80,00 ( )R$ 100,00

E se um moleque resolver pichar a sala de aula e a professora fizer com que ele pinte a sala novamente, os pais ficam enfurecidos pois a professora provocou traumas na criança.
Também jamais levante a voz com um aluno, pois isso representa voltar ao passado repressor (Ou pior: O aprendiz de meliante pode estar armado).


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