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domingo, 5 de junho de 2011

O tio que pesa as frutas no mercado sabe


Já faz algum tempo, uns dois meses, o funcionário que estava pesando as frutas que comprava, no supermercado Futurama, na rua General Jardim, olhou para a minha camiseta, em que estava escrito "New Zealand" e disparou: "Nova Zelândia? Você já esteve lá? É lindo lá, né? Eles foram colonizados por ingleses, né?" Uma pergunta atrás da outra, rapidinho. Eu disse sim para tudo, quase que só balançando a cabeça, pego de surpresa, de olhos arregalados, fui saindo olhando espantado para o homem. 


Tem alunos meus de faculdade e, possivelmente, até colegas professores que não fazem ideia de onde fica a Nova Zelândia. Eu tenho um monte de camisetas, camisa polo, moleton, boné e, no mínimo, um broche de lapela com a bandeira e escrito "New Zealand", todo mundo que me conhece sabe do meu vício, mas são poucas as pessoas com o conhecimento do homem do supermercado ou que demonstram interesse


Desde então, selecionei um de meus muitos livretos sobre a Nova Zelândia, em português, com mapas, fotos lindíssimas e informações gerais, inclusive de rotas aéreas, e tenho levado comigo toda vez que vou àquele supermercado. Quero dá-lo ao homem. Mas o homem sumiu. Cada vez que vou, é um funcionário diferente que está na função de pesar as frutas. Não perguntei para os outros sobre ele porque vai ser difícil explicar o que eu quero com ele, não é cobrança, nem reclamação, ele não fez nada de errado. E também, só lembro que ele era moreno e tinha um bigodinho. Ainda tenho fé que vou reencontrá-lo. Não acho que tenha sido miragem nem um contato extraterrestre.


O livreto que pretendo dar para ele é um dos que eu pego às dúzias no Consulado da Nova Zelãndia, na Alameda Campinas, para, justamente, ajudar no trabalho deles de divulgar o país. Este ano ainda não fui lá. Fiquei meio bronqueado, no ano passado, quando a funcionária de lá me disse que só eu iria torcer para a seleção de futebol do país dela na Copa do Mundo realizada na África do Sul. 


Era a segunda vez em toda a história da Copa que a seleção da Nova Zelândia participaria da competição. A maioria dos jogadores eram amadores, um deles, bancário, pediu uma licença ao patrão no banco para poder representar o país na Copa. Outros três, estudavam nos Estados Unidos e jogavam em competições universitárias. Um dos três profissionais, jogava no único time de futebol da Nova Zelândia, o Wellington Phoenix. O time é aceito para participar do campeonato do país vizinho, a Austrália. Os outros dois jogadores profissionais, jogavam na Europa, em times da segunda divisão dos campeonatos da Inglaterra e da Holanda. Nenhum deles é milionário ou tem uma Ferrari ou tem contrato de publicidade com anunciantes de TV.


Pois foi esse timico que não perdeu um único jogo na África do Sul em 2010! Empatou todos! Foi 1x1 Eslováquia, 1x1 Itália e 0x0 Paraguai. No dia do jogo contra a Itália, o meu grito de goool destoou de todos os italianos que se reuniram, como eu com minha família, para assistir ao espetáculo no telão do O'Malley's (um pub irlandês, em São Paulo) bebericando uma Guinness. A Itália ficou com a cara no chão! A azurra ficou burra. Cheios de mega estrelas do Milan, do Roma, de não sei mais onde, um fiasco. Os Paraguaios também ficaram com a cara no chão, não conseguiram fazer nada. Os peitos da Larissa Riquelme arfafam, mas nada de sair um golzinho latinoamericano. 


Os gigantes (em valor, em brio, em raça, em amor ao país) da seleção da Nova Zelândia foram embora para casa invictos! Eu coloquei uma foto deles numa moldura e está na minha estante. Aliás, fiz dois porta-retratos e pensei em ir lá no consulado e doar um para aqueles infiéis, mas mudei de ideia e dei pro Sergião, que apresenta o programa FATV (Futebol Alternativo, na AllTV - www.alltv.com.br ), e ele o usa direto como parte do cenário, muito bem aproveitado.


Algumas pessoas que ficam sabendo da minha paixão pela Nova Zelândia (o "meu corinthians", comparativamente) me perguntam espantadas qual o motivo, o que a Nova Zelândia tem de tão bom. Eu vivo fazendo uma palestra a respeito em cada reunião familiar, sala de aula, conto tudo. Só o tio da fruta me pegou desprevenido, fiquei de boca aberta com ele. Você também quer saber? Eu conto mais numa próxima postagem, não perca. 


Por enquanto, fica assim: lá na foto de cima sou eu de boca aberta, dirigindo na faixa da esquerda pelas estradas da Nova Zelândia, sentado à direita do carro alugado, passando pelo vulcão Ngauruhoe e, abaixo, a foto da gloriosa que está no porta-retrato na minha estante, com orgulho.





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