O título é uma nova teoria que comecei a desenvolver recentemente. Outro dia falei isso para um amigo, que tem uma opinião política bastante progressista e um monte de cachorros em casa, uma cachorrada mesmo. Ele fez uma cara de espanto e discórdia, mas a conversa acabou se enveredando por outros caminhos e acabei não me explicando direito. Este texto vai servir pra mandar pra ele.
Tudo começou com os meus gatos. Eu não me conformo que eles tenham que viver confinados em um apartamento em São Paulo. Sempre que eu posso, eu os levo pra passear na coleira, em alguma pracinha deserta, até aparecer algum cachorro solto, inconveniente.
Quando viajo, sempre que posso, os levo também no carro, para viverem experiências diferentes em sua vidas. Já foram para uma casa de praia em Ubatuba e, frequentemente, vão para Nova Granada. Lá, ficam na coleira e guia no jardim da casa ou quintal.
Uma vez, uma mulher que passou andando na calçada e os viu na coleira no jardim da frente da casa, fez um comentário mais ou menos assim: "pobres gatos, por que você não os solta?" Eu expliquei que eu queria voltar com eles vivos para meu apartamento em São Paulo. A mãe de um deles, solta, morreu atropelada ali na frente, na rua. E eu já perdi outro gato envenenado. Tem gente malvada que faz uma armadilha de uma bola de carne misturada com veneno e deixa em seus quintais para atrair gatos que andam pelos muros e telhados da vizinhança.
E tem o "filé miau", o popular churrasquinho de gato. Um dia desses, no Facebook, um amigo, de esquerda, teve o displante de dizer que se gato fosse bom amigo como eu digo, os mendigos teriam gatos. "Eu nunca vi mendigos com gatos, só cachorros." Eu respondi que, primeiro, onde tem cachorros, os gatos não têm interesse em chegar perto. Segundo, os cachorros não são ameaçados de virar churrasco.
Muita gente se espanta em ver meus gatos na praça na coleira. Donos de cães, que dizem que também têm gatos, os têm trancados em casa e nunca imaginaram que podiam fazer com eles o que fazem com seus cães. Realmente, não podem. Não que os gatos não queiram ou não gostem de passear, mas porque o mundo livre é dos cães e seus donos.
As primeiras guias e coleiras apropriadas, importei de onde tal atividade felina já é menos incomum. Mas, no ano passado EU fiquei espantado com um gatão na coleira passeando no Shopping Tietê. Parecia que eu nunca tinha visto, quer dizer, eu nunca levei os meus pra passear no shopping.
No shopping da minha rua é liberado levar pets, quer dizer, cães. Eu nunca ousei levar os gatos na coleira lá e arriscar gerar um tumulto de cachorrada latindo pra eles, no mínimo!
Até no meu próprio condomínio tem um "espaço pets", um caminho gramado onde, teoricamente, podemos levar os pets pra passear. Que pets? Iguanas? Canários? Chimpanzés? Claro que não. Quando dizem pets, querem dizer apenas e exclusivamente cães.
Até os chamados pet shops fazem um enorme favor de aceitarem dar banho em gatos apenas em alguns dias da semana, como terças e quartas, de menos movimento.
Na própria pele, fui percebendo como é mais difícil a opção de ter gatos em vez de cachorros. Ter gato neste mundo é quase como ser "do contra". Nadar contra a correnteza. Ser socialista.
Aí fui pensando no que chamo de "dualidades padrão". Direita e Esquerda. Cães e Gatos. Altos e Baixos. Destros e Canhotos. Muito e Pouco. Homens e Mulheres. Machos e Fêmeas. Gays e Lésbicas. Capitalista e Comunista. É incomum falar ao contrário, a dualidade invertida (pouco e muito, baixos e altos etc).
Parece que existe um padrão, uma convenção. As primeiras palavras das "dualidades" são sempre as dominantes de cada categoria. Homens altos, destros de direita, mesmo gays, levam uma vida mais fácil, com menos percalços, do que as mulheres baixas de esquerda, canhotas e lésbicas, por exemplo.
Em toda regra há exceções, você já deve ter ouvido falar nisso. Então eu já andei pensando, também, nas minhas à minha teoria. "Doces e Salgados" ou "Salgados e Doces", quase que tanto faz, pois ambos são dominantes, cada hora um, enquanto "azedos e amargos" são totalmente discriminados. Seria como os anarquistas ou ateus na atual sociedade, nem são contados.
Outro ponto fora da curva é a expressão "Gordos e Magros" que nunca é "magros e gordos" por mais que as academias abundem em tudo quanto é canto de rua. Gordos dão mais vida, dominam o ambiente, ocupam mais lugar no sofá, no avião, se destacam na fila. Experimente marcar seu lugar tendo como referência uma pessoa magra. Você acaba perdendo seu lugar.
As cores também tem uma ordem. É "Verde e Amarelo", não amarelo e verde. "Azul e Branco". No entanto, em relação à cor da pele das pessoas, a dualidade padrão é "Brancos e Negros", mesmo onde os negros são maioria, como na Bahia ou no Rio de Janeiro. Mas, quando se fala de documentos, de oficializar alguma coisa por escrito, é "Preto no Branco", pois o preto, a escrita, domina o papel sem nada.
É o que eu pensei até agora sobre a minha nova tese. Ter gatos é ser subversivo, é contrariar o status quo, o sistema opressor. Ter cachorro é "mainstream". Gato é "contra-cultura".
Que tal, Valmir?
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segunda-feira, 5 de fevereiro de 2018
quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018
GUERRA NÃO DECLARADA
Enola Gay era o nome da mãe do piloto de um avião dos EUA que despejou uma bomba atômica em cima de uma cidade japonesa. O piloto, o filho da mãe, escreveu o nome dela na fuselagem, "batizando" a aeronave de guerra. Ela deve ter ficado comovida com a homenagem. Fat Boy foi o nominho carinhoso dado a uma das bombas. Não lembro qual das duas. Procura lá no Wikipedia. Eu decorei essa por adesão pessoal.
Foram duas bombas. Uma sobre a cidade de Hiroshima e outra sobre a cidade de Nagasaki. Cerca de 250 mil pessoas civis morreram instantaneamente, crianças, mulheres, velhos, homens, cães, gatos, plantas, pássaros, peixes, tudo. Duas cidades inteiras, num instante estavam aqui, levando suas vidas, de repente, sumiram, deus tirou. Puf, sumiu São Carlos. Ou Imperatriz. Ou Novo Hamburgo. Ou Barueri.
A radioatividade contaminou o solo e a água, deixou tudo estéril. Ao longo de anos e gerações, os sobreviventes e seus descendentes desenvolveram câncer. Eu testemunhei um caso. Eu dei aula de inglês para o filho de um senhor que morava na área rural de Nagasaki, viu o cogumelo nuclear no horizonte, emigrou para o Brasil em 1959 (ano em que eu nasci), mora em São Paulo perto de mim. Veio aparecer um câncer nele há 3 anos.
Os estadunidenses que tentam justificar o episódio (não são todos) há aproximadamente 72 anos, usam duas alternativas: 1) os japoneses atacaram, sem declaração de guerra, o porto de Pearl, no Havaí; 2) a guerra já tinha acabado na Europa, os alemães e italianos já tinham se rendido, e os japas não desistiam.
1) É verdade que os japas atacaram Pearl Harbor, cheio de navios e aviões MILITARES, sem declaração formal de guerra, como estratégia de dividir o poder militar dos EUA e fazê-los lutar em dois palcos diferentes e distantes no globo. Não destruíram uma cidade inteira em território continental americano. Nem duas.
2) Os EUA só tiveram acesso às bombas atômicas depois de capturarem cientistas alemães que sabiam fazê-las, antes de estarem prontas e serem usadas por Hitler. Por muito pouco, o mundo falaria alemão hoje e o marco seria a moeda global. Jogar duas bombas atômicas alemãs em cidades japonesas para se livrarem logo deles, mais fácil, sem luta, deveria ser uma vergonha militar e falta de caráter.
Foram dois crimes de guerra, contra populações civis desarmadas, jamais julgados em tribunais do gênero, ninguém foi condenado, nem responsabilizado. E os estadunidenses seguiram sendo os mocinhos da história, aqueles valentes que mataram os índios que teimavam em defender suas terras dos invasores.
Eu tive um Forte Apache na infância. Fui condicionado a defender o forte dos índios, que seriam os maus. Os soldados, que matavam os índios com rifles e pistolas, eram os "do bem". Os malvados índios atacavam com flechas, lanças e machadinhas (tomahawks) quem só estava tomando as terras onde eles já viviam há centenas de anos. Dentro do pote do Toddy vinha um brinquedo de brinde. Quando vinha um soldado, legal, um cavalo, maravilha, um índio, nhé.
Hoje, uma atualização do brinquedo seria a harmonia consumista do Shopping Center (Higienópolis ou JK Iguatemi) sendo defendido por seguranças e pela PM. Pobres, pretos, putas e petistas seriam os índios. Os índios, mesmo, não seriam nada. Não têm partido, não têm mídia, não tem voz, o Dia do Índio não é feriado, como o da Consciência Negra, nada. Perderam toda a terra que tinham para "gente de bem", cristãos, com fé no deus certo.
A própria qualificação "índio" pode ser um insulto. "Aquela indiarada" se usa para desqualificar pessoas. "Programa de índio" é atividade tosca, sem graça. Sem dizer que é um equívoco.
O napolitano Cristóvão Colombo morreu sem saber que não tinha botado os pés na Índia ao navegar para oeste nas caravelas espanholas. Ele chegou onde é hoje a República Dominicana e morreu achando que tinha dado a volta ao mundo e chegado na Índia. Ele chamou todos os nativos do continente americano que viu pela frente de "índios" e o erro pegou. Os ingleses passaram a chamar o Caribe de "Índias Ocidentais" e vieram fazer aqui o que eles já haviam feito do outro lado.
Lá na Índia mesmo, os ingleses invadiram, colonizaram e exploraram. Enriqueceram como donos de plantações de papoula, produção e traficantes de ópio. Impuseram o ópio à China. Houve uma guerra, a chamada Guerra do Ópio, porque a China queria livrar seus cidadãos do vício da droga inglesa. Mas isso é assunto pra outro dia. Voltemos à Índia.
Os indianos tinham que cultivar algodão, entregar a produção aos ingleses e comprar o tecido feito por eles na Inglaterra. Era proibido os indianos tecerem seus próprios tecidos. Ter um tear em casa, uma roca de fiar, era crime, uma subversividade.
Da mesma forma, o sal. Os indianos eram proibidos de fazer o próprio sal. A produção do sal era exclusividade dos ingleses. Os indianos tinham que trabalhar para os ingleses produzindo sal e depois comprar da Inglaterra o sal que tinham produzido.
Um advogado (estudou Direito na África do Sul) chamado Mohandas Gandhi, chamado pela população de Mahatma (grande alma), liderou os indianos na subversão ao colonialismo. Ele caminhou até o mar, o Oceano Índico, separou um pouco de água, deixou secar, conseguiu sua própria porção de sal e exortou a todos que o seguiam a fazer o mesmo.
Ele também arrumou uma roca de fiar e passou a tecer o algodão, dando o exemplo, que outros seguiram. Aquele pano que ele vestia cobrindo seu corpo (em vez dos ternos importados da Inglaterra que usou quando era advogado), tinha sido ele mesmo que fez. No filme, o ator Ben Kingsley, que ganhou um Oscar ao interpretar o papel-título magistralmente, diz algo como "se tudo o que você tiver for o pano que você próprio teceu, vista-o com orgulho". É o que ele fazia. E fazia greve de fome.
Era a tal resistência pacífica, uma forma não-violenta de protesto. Os indianos foram massacrados pela Inglaterra por causa disso. Foi uma carnificina. Um país militar e economicamente poderoso (conseguido, em grande medida, por exploração aos outros) contra um povo pobre e impotente.
Depois de muita prepotência do império britânico, a Índia conseguiu sua independência do colonizador (1765 - 1947), mas rachou em três partes, por causa de diferenças político-religiosas internas, e ficou no meio entre Paquistão e Bangladesh. Gandhi foi assassinado a tiros no meio de uma multidão, por um muçulmano pró racha, em 1948.
Isso foi um resumão de tudo, por alto. Recomendo procurar pelo assunto se ficou interessado em saber com mais profundidade. E assista o filme, que tem 3h e 11 minutos de duração e vale cada segundo.
Qual a relação disso tudo com o Lula?
A minha charge ali em cima é uma alegoria: o Lulinha paz e amor, o protesto não-violento contra a colonização, pela auto determinação e soberania brasileira, em defesa dos pobres e oprimidos, sendo bombardeado com artilharia pesada, inclemente, pelo império da vez.
O império, desta vez, conscientemente, está produzindo terra arrasada para impor a dominação econômica absoluta, a re-colonização, com o apoio explícito da elite brasileira, que controla todos os bancos que controlam toda a mídia, da qual fazem parte os membros do judiciário que receberam treinamento e cooptação prévios na matriz.
As consequências, para os brasileiros de verdade (não aqueles que odeiam o País e queriam ter nascido em Miami ou na Europa e são entreguistas por desdém) serão devastadoras por várias gerações. Os brasileiros terão que pagar caro, para estrangeiros, pelo próprio petróleo que descobriram ter e, breve, pela própria água que bebem, só pra resumir.
Muita gente sequer entendeu, ainda, o que está acontecendo (desde, pelo menos, 2013). Acham que alguém está combatendo uma tal de corrupção.
Foram duas bombas. Uma sobre a cidade de Hiroshima e outra sobre a cidade de Nagasaki. Cerca de 250 mil pessoas civis morreram instantaneamente, crianças, mulheres, velhos, homens, cães, gatos, plantas, pássaros, peixes, tudo. Duas cidades inteiras, num instante estavam aqui, levando suas vidas, de repente, sumiram, deus tirou. Puf, sumiu São Carlos. Ou Imperatriz. Ou Novo Hamburgo. Ou Barueri.
A radioatividade contaminou o solo e a água, deixou tudo estéril. Ao longo de anos e gerações, os sobreviventes e seus descendentes desenvolveram câncer. Eu testemunhei um caso. Eu dei aula de inglês para o filho de um senhor que morava na área rural de Nagasaki, viu o cogumelo nuclear no horizonte, emigrou para o Brasil em 1959 (ano em que eu nasci), mora em São Paulo perto de mim. Veio aparecer um câncer nele há 3 anos.
Os estadunidenses que tentam justificar o episódio (não são todos) há aproximadamente 72 anos, usam duas alternativas: 1) os japoneses atacaram, sem declaração de guerra, o porto de Pearl, no Havaí; 2) a guerra já tinha acabado na Europa, os alemães e italianos já tinham se rendido, e os japas não desistiam.
1) É verdade que os japas atacaram Pearl Harbor, cheio de navios e aviões MILITARES, sem declaração formal de guerra, como estratégia de dividir o poder militar dos EUA e fazê-los lutar em dois palcos diferentes e distantes no globo. Não destruíram uma cidade inteira em território continental americano. Nem duas.
2) Os EUA só tiveram acesso às bombas atômicas depois de capturarem cientistas alemães que sabiam fazê-las, antes de estarem prontas e serem usadas por Hitler. Por muito pouco, o mundo falaria alemão hoje e o marco seria a moeda global. Jogar duas bombas atômicas alemãs em cidades japonesas para se livrarem logo deles, mais fácil, sem luta, deveria ser uma vergonha militar e falta de caráter.
Foram dois crimes de guerra, contra populações civis desarmadas, jamais julgados em tribunais do gênero, ninguém foi condenado, nem responsabilizado. E os estadunidenses seguiram sendo os mocinhos da história, aqueles valentes que mataram os índios que teimavam em defender suas terras dos invasores.
Eu tive um Forte Apache na infância. Fui condicionado a defender o forte dos índios, que seriam os maus. Os soldados, que matavam os índios com rifles e pistolas, eram os "do bem". Os malvados índios atacavam com flechas, lanças e machadinhas (tomahawks) quem só estava tomando as terras onde eles já viviam há centenas de anos. Dentro do pote do Toddy vinha um brinquedo de brinde. Quando vinha um soldado, legal, um cavalo, maravilha, um índio, nhé.
Hoje, uma atualização do brinquedo seria a harmonia consumista do Shopping Center (Higienópolis ou JK Iguatemi) sendo defendido por seguranças e pela PM. Pobres, pretos, putas e petistas seriam os índios. Os índios, mesmo, não seriam nada. Não têm partido, não têm mídia, não tem voz, o Dia do Índio não é feriado, como o da Consciência Negra, nada. Perderam toda a terra que tinham para "gente de bem", cristãos, com fé no deus certo.
A própria qualificação "índio" pode ser um insulto. "Aquela indiarada" se usa para desqualificar pessoas. "Programa de índio" é atividade tosca, sem graça. Sem dizer que é um equívoco.
O napolitano Cristóvão Colombo morreu sem saber que não tinha botado os pés na Índia ao navegar para oeste nas caravelas espanholas. Ele chegou onde é hoje a República Dominicana e morreu achando que tinha dado a volta ao mundo e chegado na Índia. Ele chamou todos os nativos do continente americano que viu pela frente de "índios" e o erro pegou. Os ingleses passaram a chamar o Caribe de "Índias Ocidentais" e vieram fazer aqui o que eles já haviam feito do outro lado.
Lá na Índia mesmo, os ingleses invadiram, colonizaram e exploraram. Enriqueceram como donos de plantações de papoula, produção e traficantes de ópio. Impuseram o ópio à China. Houve uma guerra, a chamada Guerra do Ópio, porque a China queria livrar seus cidadãos do vício da droga inglesa. Mas isso é assunto pra outro dia. Voltemos à Índia.
Os indianos tinham que cultivar algodão, entregar a produção aos ingleses e comprar o tecido feito por eles na Inglaterra. Era proibido os indianos tecerem seus próprios tecidos. Ter um tear em casa, uma roca de fiar, era crime, uma subversividade.
Da mesma forma, o sal. Os indianos eram proibidos de fazer o próprio sal. A produção do sal era exclusividade dos ingleses. Os indianos tinham que trabalhar para os ingleses produzindo sal e depois comprar da Inglaterra o sal que tinham produzido.
Um advogado (estudou Direito na África do Sul) chamado Mohandas Gandhi, chamado pela população de Mahatma (grande alma), liderou os indianos na subversão ao colonialismo. Ele caminhou até o mar, o Oceano Índico, separou um pouco de água, deixou secar, conseguiu sua própria porção de sal e exortou a todos que o seguiam a fazer o mesmo.
Ele também arrumou uma roca de fiar e passou a tecer o algodão, dando o exemplo, que outros seguiram. Aquele pano que ele vestia cobrindo seu corpo (em vez dos ternos importados da Inglaterra que usou quando era advogado), tinha sido ele mesmo que fez. No filme, o ator Ben Kingsley, que ganhou um Oscar ao interpretar o papel-título magistralmente, diz algo como "se tudo o que você tiver for o pano que você próprio teceu, vista-o com orgulho". É o que ele fazia. E fazia greve de fome.
Era a tal resistência pacífica, uma forma não-violenta de protesto. Os indianos foram massacrados pela Inglaterra por causa disso. Foi uma carnificina. Um país militar e economicamente poderoso (conseguido, em grande medida, por exploração aos outros) contra um povo pobre e impotente.
Depois de muita prepotência do império britânico, a Índia conseguiu sua independência do colonizador (1765 - 1947), mas rachou em três partes, por causa de diferenças político-religiosas internas, e ficou no meio entre Paquistão e Bangladesh. Gandhi foi assassinado a tiros no meio de uma multidão, por um muçulmano pró racha, em 1948.
Isso foi um resumão de tudo, por alto. Recomendo procurar pelo assunto se ficou interessado em saber com mais profundidade. E assista o filme, que tem 3h e 11 minutos de duração e vale cada segundo.
Qual a relação disso tudo com o Lula?
A minha charge ali em cima é uma alegoria: o Lulinha paz e amor, o protesto não-violento contra a colonização, pela auto determinação e soberania brasileira, em defesa dos pobres e oprimidos, sendo bombardeado com artilharia pesada, inclemente, pelo império da vez.
O império, desta vez, conscientemente, está produzindo terra arrasada para impor a dominação econômica absoluta, a re-colonização, com o apoio explícito da elite brasileira, que controla todos os bancos que controlam toda a mídia, da qual fazem parte os membros do judiciário que receberam treinamento e cooptação prévios na matriz.
As consequências, para os brasileiros de verdade (não aqueles que odeiam o País e queriam ter nascido em Miami ou na Europa e são entreguistas por desdém) serão devastadoras por várias gerações. Os brasileiros terão que pagar caro, para estrangeiros, pelo próprio petróleo que descobriram ter e, breve, pela própria água que bebem, só pra resumir.
Muita gente sequer entendeu, ainda, o que está acontecendo (desde, pelo menos, 2013). Acham que alguém está combatendo uma tal de corrupção.
sexta-feira, 26 de janeiro de 2018
O ÚLTIMO QUE SAIR, APAGUE A LUZ DO AEROPORTO
Na época da ditadura civil-militar (é importante atualizar o conceito, porque o jornal O Globo, o Estadão, a Folha, a FIESP, embaixada americana etc eram civis, e isso coloca em perspectiva clara que são golpistas reincidentes, por falta de responsabilização e repreensão) era comum essa piada trágica do título. O Brasil viveu uma diáspora, ou de exilados políticos ou de auto-exilados econômicos, sociais e intelectuais. Afinal, em terra de cegos quem tem um olho, emigra. Ou, em terra de surdos, que, tem um olho, errei.
Mesmo depois da ditadura, já nos anos 1990, este besta aqui que vos escreve, vivia dizendo pros outros "esse seu país, vocês brasileiros", por que eu não sentia que pertencia a isso, o Brasil me dava nojo, mesmo morando aqui a vida inteira. Nessa época eu já tinha mais de 30. A cultura brasileira estava na Banheira do Gugu, no Tcham, na Tiazinha e na Feiticeira do Huck etc. A consequência disso é o que temos hoje: gente ignorante, despolitizada, omissa. O FHC e seus tucanos amestrados estavam liquidando tudo, passando tudo que era do povo brasileiro em verdinhas. Aquela elite arrogante e sua ostentação. Que vergonha...
Foi então que Lula e Dilma operaram o milagre de me converterem em brasileiro orgulhoso do meu país, dos meus costumes, da minha cultura, sou brasileiro e não desisto nunca, o melhor do Brasil é o brasileiro etc etc.
A economia bombando, os pobres comendo Danone, viajando de avião, estudando em faculdade, comprando geladeira, carro, casa, sonhos. Todo mundo empregado. Todo mundo vendendo. Tudo pelo povo, tudo pelo social, SAMU, SUS, remédios grátis, FIES, PROUNI, PRONATEC, universidade federais gratuitas pipocando em todo lugar como igrejas evangélicas.
Todo mundo querendo vir para o Brasil, trabalhar aqui, abrir fábrica aqui. Brasileiros viajando pelo mundo, estudando, pesquisando sem fronteiras. O mundo inteiro comentando que o Brasil estava demais, encostando na Inglaterra, quinto PIB do planeta, o Lula era o cara, segundo o negão simpatia, o Obama, e ainda elegemos a primeira mulher à presidência para continuar tudo. Incrível. Só faltava a Dilma ser preta, índia, muçulmana e gay. ESTE era o meu país. Que orgulho!
Aí os velhos tempos voltaram, como uma maldição que o Brasil não consegue se livrar. Dá uns passinhos pra cima e escorrega escada abaixo, completamente desmontado, desconstruído, ocupado, arrasado, estuprado, abobalhado, impotente, prostrado, mutilado.
Voltou a diáspora. É contagioso, pegou até na minha mulher, que é muito mais brasileira que eu, sabe sambar, dançar forró, come tapioca e rapadura.
Ela está esperando, desde 2015, uma restituição do imposto de renda que foi retida para análise, pediram outros documentos comprobatórios, desconfiaram que nosso filhinho, de um mês de vida, realmente tivesse passado por uma cirurgia que custou muito dinheiro no ano anterior. Ela foi lá na Receita Federal, no início de 2016, levou os comprovantes exigidos e disseram a ela que estava tudo OK, que em três meses o dinheiro estaria na conta bancária dela. Até agora nada.
Ela foi na Receita novamente perguntar cadê o dinheiro e saiu de lá "fumando na quenga" (expressão cearense que significa "queimando de raiva") e esbravejando: "vamos embora deste país!!" Lá dentro haviam dito pra ela que o prazo de solução agora mudou: 5 ANOS. "Esses filhos de uma égua estão usando o dinheiro que é meu!"
A desconstrução do projeto de desenvolvimento do Brasil e sua recolonização, como se tivéssemos sido invadidos e conquistados (primeiro houve traição e aí as portas foram escancaradas para o esbulho) inclui, como anteriormente, esse "incentivo" a que os melhores intelectos se sintam compelidos a irem embora do país, em busca de decência e dignidade. Quanto mais pessoas que pensam forem embora, menos incômodo e oposição aos usurpadores e entreguistas.
Aliás, ser entreguista é o normal. Ser patriota é o estranho. Normal é só comprar produtos importados, só ouvir música estrangeira, só assistir filmes e programas de TV estrangeiros, dizer que tudo o que é brasileiro não presta e viajar a Miami ou Orlando pra comprar enxoval, ternos, aspirina, qualquer coisa. Chama-se "complexo de vira-latas", segundo o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. É incutido nas gerações a fio pelos meios de comunicação, que recebem patrocínio de empresas estrangeiras, por meio de propagandas criadas por agências de publicidade estrangeiras. É um raciocínio semelhante ao das prostitutas: "dinheiro na mão, calcinha no chão". Danem-se os escrúpulos, a ética e nossa concepção de nação.
Tem gente que baba ao chegar perto de um americano ao vivo e em cores. Um americano falar mal do Brasil, então, é orgásmico. Muito apropriado, portanto, o endereço na internet "Bem Mais Mulher" que publicou o texto a seguir, convidando o leitor a deixar um comentário.
Fiquei na dúvida se, mesmo eu não sendo mulher, seria cabível eu deixar um comentário. E também, eu tinha tanta coisa pra comentar que, provavelmente, meu comentário ficaria maior que o texto. Então resolvi fazer assim: veja o original aí (com link para a página onde foi publicado) e depois, lá embaixo, o que eu penso a respeito.
Mesmo depois da ditadura, já nos anos 1990, este besta aqui que vos escreve, vivia dizendo pros outros "esse seu país, vocês brasileiros", por que eu não sentia que pertencia a isso, o Brasil me dava nojo, mesmo morando aqui a vida inteira. Nessa época eu já tinha mais de 30. A cultura brasileira estava na Banheira do Gugu, no Tcham, na Tiazinha e na Feiticeira do Huck etc. A consequência disso é o que temos hoje: gente ignorante, despolitizada, omissa. O FHC e seus tucanos amestrados estavam liquidando tudo, passando tudo que era do povo brasileiro em verdinhas. Aquela elite arrogante e sua ostentação. Que vergonha...
Peço perdão, antecipadamente, pelo linguajar do narrador do vídeo acima. De resto, uma síntese muito boa (?) da causa desta geração de brasileiros serem o que são.
Foi então que Lula e Dilma operaram o milagre de me converterem em brasileiro orgulhoso do meu país, dos meus costumes, da minha cultura, sou brasileiro e não desisto nunca, o melhor do Brasil é o brasileiro etc etc.
A economia bombando, os pobres comendo Danone, viajando de avião, estudando em faculdade, comprando geladeira, carro, casa, sonhos. Todo mundo empregado. Todo mundo vendendo. Tudo pelo povo, tudo pelo social, SAMU, SUS, remédios grátis, FIES, PROUNI, PRONATEC, universidade federais gratuitas pipocando em todo lugar como igrejas evangélicas.
Todo mundo querendo vir para o Brasil, trabalhar aqui, abrir fábrica aqui. Brasileiros viajando pelo mundo, estudando, pesquisando sem fronteiras. O mundo inteiro comentando que o Brasil estava demais, encostando na Inglaterra, quinto PIB do planeta, o Lula era o cara, segundo o negão simpatia, o Obama, e ainda elegemos a primeira mulher à presidência para continuar tudo. Incrível. Só faltava a Dilma ser preta, índia, muçulmana e gay. ESTE era o meu país. Que orgulho!
Isso era 2008, enquanto a Europa e os EUA estavam em crise, a GM e o Citibank foram ajudados pelo Tesouro e a Crysler, falida, foi vendida pra Fiat. |
Aí os velhos tempos voltaram, como uma maldição que o Brasil não consegue se livrar. Dá uns passinhos pra cima e escorrega escada abaixo, completamente desmontado, desconstruído, ocupado, arrasado, estuprado, abobalhado, impotente, prostrado, mutilado.
Voltou a diáspora. É contagioso, pegou até na minha mulher, que é muito mais brasileira que eu, sabe sambar, dançar forró, come tapioca e rapadura.
Ela está esperando, desde 2015, uma restituição do imposto de renda que foi retida para análise, pediram outros documentos comprobatórios, desconfiaram que nosso filhinho, de um mês de vida, realmente tivesse passado por uma cirurgia que custou muito dinheiro no ano anterior. Ela foi lá na Receita Federal, no início de 2016, levou os comprovantes exigidos e disseram a ela que estava tudo OK, que em três meses o dinheiro estaria na conta bancária dela. Até agora nada.
Ela foi na Receita novamente perguntar cadê o dinheiro e saiu de lá "fumando na quenga" (expressão cearense que significa "queimando de raiva") e esbravejando: "vamos embora deste país!!" Lá dentro haviam dito pra ela que o prazo de solução agora mudou: 5 ANOS. "Esses filhos de uma égua estão usando o dinheiro que é meu!"
A desconstrução do projeto de desenvolvimento do Brasil e sua recolonização, como se tivéssemos sido invadidos e conquistados (primeiro houve traição e aí as portas foram escancaradas para o esbulho) inclui, como anteriormente, esse "incentivo" a que os melhores intelectos se sintam compelidos a irem embora do país, em busca de decência e dignidade. Quanto mais pessoas que pensam forem embora, menos incômodo e oposição aos usurpadores e entreguistas.
Aliás, ser entreguista é o normal. Ser patriota é o estranho. Normal é só comprar produtos importados, só ouvir música estrangeira, só assistir filmes e programas de TV estrangeiros, dizer que tudo o que é brasileiro não presta e viajar a Miami ou Orlando pra comprar enxoval, ternos, aspirina, qualquer coisa. Chama-se "complexo de vira-latas", segundo o escritor e dramaturgo Nelson Rodrigues. É incutido nas gerações a fio pelos meios de comunicação, que recebem patrocínio de empresas estrangeiras, por meio de propagandas criadas por agências de publicidade estrangeiras. É um raciocínio semelhante ao das prostitutas: "dinheiro na mão, calcinha no chão". Danem-se os escrúpulos, a ética e nossa concepção de nação.
Tem gente que baba ao chegar perto de um americano ao vivo e em cores. Um americano falar mal do Brasil, então, é orgásmico. Muito apropriado, portanto, o endereço na internet "Bem Mais Mulher" que publicou o texto a seguir, convidando o leitor a deixar um comentário.
Fiquei na dúvida se, mesmo eu não sendo mulher, seria cabível eu deixar um comentário. E também, eu tinha tanta coisa pra comentar que, provavelmente, meu comentário ficaria maior que o texto. Então resolvi fazer assim: veja o original aí (com link para a página onde foi publicado) e depois, lá embaixo, o que eu penso a respeito.
Americano escreve texto e viraliza : “20 razões porque eu odeio o Brasil e os brasileiros. Confira e deixe seu comentário.
Um americano, casado com uma brasileira, morou em São Paulo por 3 anos. Depois dessa árdua experiência, ele voltou para sua terra natal e fez questão de criar uma lista de 20 motivos pelos quais odeia viver no Brasil.
1- Eles não têm consideração por aqueles que não participam de seu círculo social. Se um vizinho toca música alta durante a noite e você lhe pedir educadamente para abaixar o som, ele vai mandar você se fu#$%. Eles simplesmente não têm educação. Se alguém esbarra em você na rua, ele nunca irá lhe pedir desculpas. Esqueça!
2- Eles são agressivos e querem levar vantagem em tudo. No trânsito, por exemplo … se tiverem uma forma de ultrapassar você, assim o farão. E jogam o carro pra cima sem dó nem piedade.
De modo geral, sim.
De modo geral, sim.
3- Eles não respeitam o meio ambiente […] jogam lixo na rua, na natureza, nos rios … em qualquer lugar. Os recursos naturais estão sendo desperdiçados. O país é muito sujo.
4- Eles toleram a corrupção no governo e no setor privado […] a população elege os mesmos corruptos de sempre.
5- As mulheres no Brasil são obcecadas com seus corpos e adoram uma competição entre si.
6- Os homens acham ‘legal’ trair as mulheres e o fazem com o maior descaramento. Não há fidelidade.
7- Eles são mal educados e falam mal dos outros publicamente […] não se importam em ferir os sentimentos de outra pessoa.
8- Os trabalhadores são geralmente malandros, preguiçosos e atrasados […] querem ganhar muito e trabalhar pouco. Eles acham que o governo tem que dar tudo (bolsa isso … bolsa-aquilo). Não estudam, não se capacitam e adoram ficar resmungando pelos cantos.
9- Os ricos são arrogantes, insensíveis e acham que estão acima da justiça […] os pobres ganham tão pouco que mal conseguem se alimentar e não têm esperanças de futuro, por isso partem para o crime.
10- Os brasileiros não esperam você terminar de falar […] eles te interrompem e começam a tagarelar […] é uma espécie de competição para ser ouvido.
11- A polícia é ineficaz, ganha pouco, não cumpre as leis para proteger a população, que por sua vez não respeita a polícia. As pessoas vivem cercadas por muros, grades, alarmes, cercas elétricas e constantemente estão em pânico por medo da violência.
12- Eles tornam tudo inconveniente e difícil […] a burocracia que os políticos impõem para os cidadãos é algo de outro mundo. Os impostos do Brasil nunca retornam para o povo […] eles são roubados na ‘cara dura’.
13- Voltando ao assuntos dos impostos, eles pagam taxas absurdas para tudo (produtos de casa, eletrônicos, carros, arroz, feijão,etc…). Os empresários são obrigados a seguir as leis para sustentar um governo corrupto e quase nunca conseguem fazer lucro.
14- O verão é quente como o inferno e dura 9 meses do ano. As casas não possuem isolamento térmico. Você sofre de calor durante 9 meses e passa frio nos outros 3.
15- A comida é sem graça, repetitiva e inconveniente. Quase não existe alimentos congelados ou prontos para serem consumidos. Quando você encontra, o preço é absurdamente elevado.
16- Eles são muito sociáveis e quase nunca ficam sozinhos. Você não consegue descansar nos fins de semana […] é quase que ‘obrigatório’ convidar as pessoas para ir na sua casa.
17- Eles não saem debaixo das ‘asas’ do papai e da mamãe. Moram todos juntos, espremidos. Ficam perto emocional e geograficamente durante toda a vida. As famílias vivem intrometendo na vida do casal (aconteceu comigo) e fazem fofocas diariamente.
18- Serviços básicos como eletricidade, água, esgoto e internet são péssimos e/ou ausentes na maior parte do país […] quando você encontra esses serviços, eles são absurdamente caros e ruins.
19- A qualidade da água é reprovável.
20- Só existe um tipo de cerveja no Brasil e é composta basicamente de água […] é uma porcaria. As cervejas importadas custam os olhos da cara.
Primeira coisa: não tem o nome do americano, nem de onde ele é (os Estados Unidos têm 50 estados e faz muita diferença se ele é do Hawaii, do Alaska ou de Delaware) e nem em que época foram os três anos que ele morou em São Paulo. Isso aí pode ter décadas que foi escrito por um americano, se é que foi. Se não foi inventado por um brasileiro vira-lata que sente prazer em bater e inferiorizar tudo por aqui.
Supondo que seja autêntico, a cidade de São Paulo tem 20 milhões de habitantes. É maior que a Austrália. E tem comunidades árabes, judias, chinesas, japonesas, coreanas, italianas, espanholas, portuguesas, alemãs...o mundo inteiro está aqui. Se ele mora com uma família em Arthur Alvin pode ser muito diferente de morar com uma família no Butantã. Se você faz compras no Shopping Páteo Higienópolis ou no Shopping Frei Caneca, embora sejam ambos do mesmo dono, a sua percepção da cidade muda completamente.
Feitas essas ponderações, vou comentar os 20 "problemas".
1) Eu morei nos EUA e não curtia baixar as calças e mostrar a bunda pela janela do carro para os pedestres, então não consegui fazer parte do círculo social do meu primeiro brother. Além de outras coisas ridículas. Então mudei de family. Não vou generalizar que todos os americanos são idiotas.
2) Falando em agressividade, comprar armas e munição em qualquer WalMart ou receber pelo correio e poder subir no teto da escola e atirar em todo mundo que te fez bullying é cool, né?
3) Esse cara jâ foi no metrô de New York? Já tentou nadar no mar do Alaska junto com as focas e gaivotas ensopados de óleo derramado? Os EUA subscreveram o Protocolo de Kioto? Pelo menos os brasileiros nunca jogaram uma bomba atômica em cima de uma cidade de outro país, um alvo civil, matando crianças, velhos, mulheres, pets, vegetação, contaminando o solo e a água com radiação por décadas! Os americanos jogaram duas! Tem japoneses desenvolvendo câncer ainda hoje por causa daquilo. Crime de guerra e crime ecológico, nunca levado a um julgamento de Nurenberg.
4) Manda esse gringo tonto assistir os filmes do Michael Moore ou ir a Las Vegas. Ele acha que os EUA só tem santos? Será que ele se informa pelo Disney Channel?
5) Ele sabe onde fica Hollywood? Já viu a Playboy? Assiste TV?
6) Clinton, Swarzenegger, Kennedy, Brad Pitt (!!)...
7) FOX News.
8) Deve ser por isso que a General Motors, a Ford, a GoodYear, a Coca-Cola, o McDonald's etc vieram se instalar no Brasil e contratar brasileiros preguiçosos e pouco capacitados. As empresas americanas vendem muito e faturam milhões que são enviados para os EUA como remessa de lucros, explorando os brasileiros, tanto os trabalhadores de suas instalações quanto os consumidores. Os brasileiros malandros se conformam com isso. Piece of cake.
9) Vou ser obrigado a concordar com essa integralmente. Mas também convidar o gringo ignorante a dar uma volta entre Beverly Hills e o leste de Los Angeles. O maior problema do Brasil é justamente copiar os EUA em tudo de ruim.
10) Isso realmente é irritante em qualquer lugar, seja na Itália, na Argentina ou em New Jersey. Existem pessoas educadas e pessoas sem educação em todos os países, até no Japão. O gringo deu azar.
11) É tudo verdade, cópia fiel dos filmes e séries de TV policiais dos EUA. Pânico faz parte do currículo nas escolas americanas, principalmente onde se concentram negros, latinos, indígenas, muçulmanos e pobres. Se você for branco, cristão e rico, sua vida é mais fácil e a polícia tem outra postura.
12) Os impostos pagos pelos cidadãos dos EUA financiam a CIA e a NSA a interferir em outros países, patrocinar golpes de estado que derrubam democracias e apoiam ditaduras. Os americanos não têm direito a atendimento gratuito de saúde, nem aposentadoria. Velhinhas e velhinhos trabalham em supermercados, limpando, repondo produtos nas prateleiras, empacotando e carregando até caírem mortos.
13) As empresas americanas instaladas no Brasil estão aqui por amor, elas não têm lucro, né?
14) Já ouviu falar em ventilador e ar condicionado? E mantas e cobertores Parahyba? Na cidade de São Paulo, se você mora no Brás ou no Tremembé, a temperatura muda drasticamente no mesmo dia. E, embora nesta cidade tenha gente do Brasil inteiro, as casas daqui não representam o Brasil. O suposto gringo escreveu que ele odeia o Brasil e os brasileiros por causa da casa onde ele morou em São Paulo? O ignorante esteve em Bento Gonçalves ou Santarém? Cada lugar se adapta às condições, ora. Seja no Egito ou na Mongólia.
15) Hamburger, hot dog, batata e bacon realmente significam uma variedade incrível da culinária dos EUA. A melhor comida lá é mexicana, italiana ou chinesa. E custam em dólar.
16) Se o gringo é daqueles acostumados a morar numa caverna com os ursos, realmente é estranho o convívio em comunidade. Antes de vir pro Brasil, ele poderia ter se preparado observando as formigas, as abelhas e os golfinhos, pra ter uma ideia.
17) Os brasileiros do Brasil inteiro são assim? Moram no porão, no sótão, na edícula da casa dos pais, mas não saem independentes pra tocar suas próprias vidas? Isso é matematicamente impossível. 200 milhões de habitantes não moram todos juntos. E sobre a família se intrometer, experimente ver como são as comunidades judaicas no leste dos EUA (até na Flórida), só pra ficar num exemplo. Bom mesmo é no meio do mato com os ursos e coyotes.
18) Concordo.
19) Concordo.
20) Existe cerveja e o que deram pro gringo beber em São Paulo. Dependendo há quanto tempo o suposto gringo escreveu seu desabafo, ainda não existia Baden Baden,
Colorado, Itaipava Premium, SerraMalte, Xingu, Eisenbahn e Amstel lager e outras feitas de puro malte da cevada. As outras, de cereais não maltados, puro suco de milho, geladas, só servem pra matar a sede na falta da água, e, em certos lugares, mais confiável que beber água. Mas realmente, Skol, Brahma etc, seriam consideradas crime na Alemanha do kaiser, onde foram escritas as regras pra definição do que pode ser chamado de cerveja.
2) Falando em agressividade, comprar armas e munição em qualquer WalMart ou receber pelo correio e poder subir no teto da escola e atirar em todo mundo que te fez bullying é cool, né?
3) Esse cara jâ foi no metrô de New York? Já tentou nadar no mar do Alaska junto com as focas e gaivotas ensopados de óleo derramado? Os EUA subscreveram o Protocolo de Kioto? Pelo menos os brasileiros nunca jogaram uma bomba atômica em cima de uma cidade de outro país, um alvo civil, matando crianças, velhos, mulheres, pets, vegetação, contaminando o solo e a água com radiação por décadas! Os americanos jogaram duas! Tem japoneses desenvolvendo câncer ainda hoje por causa daquilo. Crime de guerra e crime ecológico, nunca levado a um julgamento de Nurenberg.
4) Manda esse gringo tonto assistir os filmes do Michael Moore ou ir a Las Vegas. Ele acha que os EUA só tem santos? Será que ele se informa pelo Disney Channel?
5) Ele sabe onde fica Hollywood? Já viu a Playboy? Assiste TV?
6) Clinton, Swarzenegger, Kennedy, Brad Pitt (!!)...
7) FOX News.
8) Deve ser por isso que a General Motors, a Ford, a GoodYear, a Coca-Cola, o McDonald's etc vieram se instalar no Brasil e contratar brasileiros preguiçosos e pouco capacitados. As empresas americanas vendem muito e faturam milhões que são enviados para os EUA como remessa de lucros, explorando os brasileiros, tanto os trabalhadores de suas instalações quanto os consumidores. Os brasileiros malandros se conformam com isso. Piece of cake.
9) Vou ser obrigado a concordar com essa integralmente. Mas também convidar o gringo ignorante a dar uma volta entre Beverly Hills e o leste de Los Angeles. O maior problema do Brasil é justamente copiar os EUA em tudo de ruim.
10) Isso realmente é irritante em qualquer lugar, seja na Itália, na Argentina ou em New Jersey. Existem pessoas educadas e pessoas sem educação em todos os países, até no Japão. O gringo deu azar.
11) É tudo verdade, cópia fiel dos filmes e séries de TV policiais dos EUA. Pânico faz parte do currículo nas escolas americanas, principalmente onde se concentram negros, latinos, indígenas, muçulmanos e pobres. Se você for branco, cristão e rico, sua vida é mais fácil e a polícia tem outra postura.
12) Os impostos pagos pelos cidadãos dos EUA financiam a CIA e a NSA a interferir em outros países, patrocinar golpes de estado que derrubam democracias e apoiam ditaduras. Os americanos não têm direito a atendimento gratuito de saúde, nem aposentadoria. Velhinhas e velhinhos trabalham em supermercados, limpando, repondo produtos nas prateleiras, empacotando e carregando até caírem mortos.
13) As empresas americanas instaladas no Brasil estão aqui por amor, elas não têm lucro, né?
14) Já ouviu falar em ventilador e ar condicionado? E mantas e cobertores Parahyba? Na cidade de São Paulo, se você mora no Brás ou no Tremembé, a temperatura muda drasticamente no mesmo dia. E, embora nesta cidade tenha gente do Brasil inteiro, as casas daqui não representam o Brasil. O suposto gringo escreveu que ele odeia o Brasil e os brasileiros por causa da casa onde ele morou em São Paulo? O ignorante esteve em Bento Gonçalves ou Santarém? Cada lugar se adapta às condições, ora. Seja no Egito ou na Mongólia.
15) Hamburger, hot dog, batata e bacon realmente significam uma variedade incrível da culinária dos EUA. A melhor comida lá é mexicana, italiana ou chinesa. E custam em dólar.
16) Se o gringo é daqueles acostumados a morar numa caverna com os ursos, realmente é estranho o convívio em comunidade. Antes de vir pro Brasil, ele poderia ter se preparado observando as formigas, as abelhas e os golfinhos, pra ter uma ideia.
17) Os brasileiros do Brasil inteiro são assim? Moram no porão, no sótão, na edícula da casa dos pais, mas não saem independentes pra tocar suas próprias vidas? Isso é matematicamente impossível. 200 milhões de habitantes não moram todos juntos. E sobre a família se intrometer, experimente ver como são as comunidades judaicas no leste dos EUA (até na Flórida), só pra ficar num exemplo. Bom mesmo é no meio do mato com os ursos e coyotes.
18) Concordo.
19) Concordo.
20) Existe cerveja e o que deram pro gringo beber em São Paulo. Dependendo há quanto tempo o suposto gringo escreveu seu desabafo, ainda não existia Baden Baden,
Colorado, Itaipava Premium, SerraMalte, Xingu, Eisenbahn e Amstel lager e outras feitas de puro malte da cevada. As outras, de cereais não maltados, puro suco de milho, geladas, só servem pra matar a sede na falta da água, e, em certos lugares, mais confiável que beber água. Mas realmente, Skol, Brahma etc, seriam consideradas crime na Alemanha do kaiser, onde foram escritas as regras pra definição do que pode ser chamado de cerveja.
sábado, 29 de julho de 2017
quinta-feira, 27 de julho de 2017
37, 47, 437, 7...
Só neste século que comecei a notar que esses números me perseguem. Aí, de uma hora pra outra, passei a ficar alerta. Não sei como era antes de cair minha ficha. Agora vou ter de fazer uma regressão na minha vida pra conferir.
Mas meu RG, que tenho desde 1974 (47 ao contrário) estava lá na minha cara o tempo todo com seu final 437. Eu nasci em julho, mês 7, num sábado, o sétimo dia da semana. Mas a soma dos números da data 18/07/1959: 1+8+7+1+9+5+9= 4+0=4.
Mas meu RG, que tenho desde 1974 (47 ao contrário) estava lá na minha cara o tempo todo com seu final 437. Eu nasci em julho, mês 7, num sábado, o sétimo dia da semana. Mas a soma dos números da data 18/07/1959: 1+8+7+1+9+5+9= 4+0=4.
O número do meu telefone comercial termina em 37. O número do meu celular termina em 37. O número do telefone da minha casa termina em 37. O número do celular da minha mulher (desde que a conheci, e foi uma das razões que percebi que era pra ser) termina em 37. E ela nasceu em março, mês 3.
Quando a gente começou a namorar, morava no mesmo prédio, cujo endereço era no número 307. E o apartamento dela era o 307. O meu era 401. E sozinho no meu apartamento, antes de conhecê-la, eu tinha tido um sonho em que eu via um número 47 escrito numa superfície amarela, que eu não sabia o que era. A placa do carro dela era final 4 e a do meu carro era final 7. Eu a conheci em 2004 e a gente se casou em 2007.
Depois eu vendi o carro e comprei outro, usado, cuja placa terminava em 8 e a sequência não tinha nada a ver. Até eu licenciar e precisar fazer um "decalque" do número do chassis (gravado em todos os vidros pela seguradora) e constatar que a numeração do chassis termina em...37!
Aí, abri conta em um banco que tem a sequência de números 437 e tirei um passaporte, pra viajar em lua-de-mel, que tem 473.
Um parêntese aqui: tanto minha conta bancária, quanto meu passaporte, começam com 18, que é o dia do meu nascimento e também do meu pai e também o começo do meu CPF. A minha filha Ariadne (cujo nome tem 7 letras e a data do nascimento dela 2+2+2+1=7), tem uma teoria que o 18 tem um parentesco com o 37. Lá embaixo eu vou mostrar um vídeo muito estranho.
Atualmente, a placa do meu carro é 7377. Acabei de pagar a última prestação, de 40 parcelas, no dia 16/07, de R$ 898,37. Recentemente, eu paguei uma fatura de R$ 834,37 e tive uma devolução de R$ 435,37.
O número do armário da minha mulher no trabalho é...37. Ela tem 4 nomes de 7 letras. Nossos dois filhos também. Hoje eu tenho 3 filhos com nomes de 7 letras. Quando meu primeiro filho nasceu, o documento da maternidade era um papel amarelo e tinha um número datilografado com os dois últimos dígitos 47. E a data do nascimento dele 1+2+2+2+9=1+6=7.
Antes do nascimento do segundo menino, tivemos vontade de rever as fotos da viagem de lua-de-mel. Só então percebemos que eram 347 fotos. Quando minha mulher tinha 37 anos, nosso filho tinha 4 e ela estava grávida do outro que nasceu em 2014 (2+1+4=7).
No condomínio onde moramos, as vagas de estacionamento não eram determinadas, cada um estacionava onde quisesse, até uma assembleia que modificou essa situação. Foram sorteadas as vagas. Das 324 opções, a vaga que me foi destinada era exatamente a que eu tinha deixado meu carro na noite anterior: 147.
Dois anos depois, foi feito novo sorteio das vagas de garagem. Atualmente minha vaga é a 33, do lado da 37. Frequentemente, placas de carros na minha frente, no trânsito de São Paulo, têm 37, 73, 74 ou 47. As horas também parecem brincar comigo: agora mesmo olhei para o celular e está marcando 17h37.
Preocupada com essa e outras maluquices minhas, minha mulher me "matriculou" num terapêuta não credenciado pelo nosso plano de saúde, que nos reembolsou o valor de R$ 73,37 por sessão.
Aliás, meu terapêuta está precisando de terapia, pois me confidenciou que tem fixação pelo número 7, ao ponto de, em um lugar onde ele trabalha que tem 4 ganchinhos para pendurar chaves na parede, ele pendura a chave dele sempre no penúltimo ganchinho e me explicou o por quê: ele conta um, dois, três, quatro, depois volta a contagem e conta um, dois, três, total sete, e pendura a chave.
Mas você percebe que são patologias diferentes: meu terapeuta persegue o número 7, como demonstrou, ele é ativo. Eu acho que sou perseguido. Eu fico na minha e o número aparece pra mim, sem esforço. Sou um caso passivo. Alas diferentes.
Com a curiosidade aguçada, botei 37 no Google pra ver no que dava. Descobri que 37º centígrados é a temperatura do corpo humano e 37 semanas de gravidez são 9 meses e os bebês, nós todos, estamos prontos para nascer a qualquer momento.
E descobri alguns vídeos no Youtube, veja aí abaixo. Tem até um que diz que o número é Bíblico, é o número de Deus, e outro que diz que o 37 está presente nos nossos genes como consequência de interferência de extraterrestres. Uau! Só que estão em inglês, sorry aí.
Depois eu vendi o carro e comprei outro, usado, cuja placa terminava em 8 e a sequência não tinha nada a ver. Até eu licenciar e precisar fazer um "decalque" do número do chassis (gravado em todos os vidros pela seguradora) e constatar que a numeração do chassis termina em...37!
Aí, abri conta em um banco que tem a sequência de números 437 e tirei um passaporte, pra viajar em lua-de-mel, que tem 473.
Um parêntese aqui: tanto minha conta bancária, quanto meu passaporte, começam com 18, que é o dia do meu nascimento e também do meu pai e também o começo do meu CPF. A minha filha Ariadne (cujo nome tem 7 letras e a data do nascimento dela 2+2+2+1=7), tem uma teoria que o 18 tem um parentesco com o 37. Lá embaixo eu vou mostrar um vídeo muito estranho.
Atualmente, a placa do meu carro é 7377. Acabei de pagar a última prestação, de 40 parcelas, no dia 16/07, de R$ 898,37. Recentemente, eu paguei uma fatura de R$ 834,37 e tive uma devolução de R$ 435,37.
O número do armário da minha mulher no trabalho é...37. Ela tem 4 nomes de 7 letras. Nossos dois filhos também. Hoje eu tenho 3 filhos com nomes de 7 letras. Quando meu primeiro filho nasceu, o documento da maternidade era um papel amarelo e tinha um número datilografado com os dois últimos dígitos 47. E a data do nascimento dele 1+2+2+2+9=1+6=7.
Antes do nascimento do segundo menino, tivemos vontade de rever as fotos da viagem de lua-de-mel. Só então percebemos que eram 347 fotos. Quando minha mulher tinha 37 anos, nosso filho tinha 4 e ela estava grávida do outro que nasceu em 2014 (2+1+4=7).
No condomínio onde moramos, as vagas de estacionamento não eram determinadas, cada um estacionava onde quisesse, até uma assembleia que modificou essa situação. Foram sorteadas as vagas. Das 324 opções, a vaga que me foi destinada era exatamente a que eu tinha deixado meu carro na noite anterior: 147.
Dois anos depois, foi feito novo sorteio das vagas de garagem. Atualmente minha vaga é a 33, do lado da 37. Frequentemente, placas de carros na minha frente, no trânsito de São Paulo, têm 37, 73, 74 ou 47. As horas também parecem brincar comigo: agora mesmo olhei para o celular e está marcando 17h37.
Preocupada com essa e outras maluquices minhas, minha mulher me "matriculou" num terapêuta não credenciado pelo nosso plano de saúde, que nos reembolsou o valor de R$ 73,37 por sessão.
Aliás, meu terapêuta está precisando de terapia, pois me confidenciou que tem fixação pelo número 7, ao ponto de, em um lugar onde ele trabalha que tem 4 ganchinhos para pendurar chaves na parede, ele pendura a chave dele sempre no penúltimo ganchinho e me explicou o por quê: ele conta um, dois, três, quatro, depois volta a contagem e conta um, dois, três, total sete, e pendura a chave.
Mas você percebe que são patologias diferentes: meu terapeuta persegue o número 7, como demonstrou, ele é ativo. Eu acho que sou perseguido. Eu fico na minha e o número aparece pra mim, sem esforço. Sou um caso passivo. Alas diferentes.
Com a curiosidade aguçada, botei 37 no Google pra ver no que dava. Descobri que 37º centígrados é a temperatura do corpo humano e 37 semanas de gravidez são 9 meses e os bebês, nós todos, estamos prontos para nascer a qualquer momento.
E descobri alguns vídeos no Youtube, veja aí abaixo. Tem até um que diz que o número é Bíblico, é o número de Deus, e outro que diz que o 37 está presente nos nossos genes como consequência de interferência de extraterrestres. Uau! Só que estão em inglês, sorry aí.
quarta-feira, 21 de junho de 2017
GERAÇÃO GUARANÁ !!!!
Lá pelos idos de 1985, fui hospedado em São Paulo na casa de um casal de amigos de amigos meus.
Nessa época eu morava e estudava em Londrina, depois de um tempo em Ribeirão Preto e, antes, naquele vai e vem entre São José do Rio Preto e Nova Granada, desde 1959.
A mulher era secretária em uma imobiliária e o marido fazia manutenção de máquinas de café, da marca Seleto, em bares e padarias. Moravam na Vila Nova Iorque, na Zona Leste.
Estava passando um filme americano na TV e os personagens estavam bebendo Coca-Cola. A mulher comentou: "nossa, eles TAMBÉM têm Coca-Cola lá?!?" E ela disse aquilo sem nenhuma ponta de ironia ou sarcasmo. Era sério. Era ignorância pura mesmo. Ela achava que a bebida era brasileira.
E eles eram felizes assim sem noção. Riam muito. Nunca mais os vi.
Alguns anos antes, mais provavelmente uma década, lá em Nova Granada, uma menina que morava em Campinas, prima da minha namorada, estava visitando a cidade e passeando de carro conosco. De repente, ela nos assustou com um grito: "pára o carro!"
Para nosso espanto, tão grande quanto o dela, ela justificou sorrindo, feliz da vida com a descoberta: "Olha! Um sapo! Um SAPO!!!" Ela nunca tinha visto um sapo ao vivo na vida. Que alegria!
E lá no Rio de Janeiro, um outro sobrinho da minha tia, carioca e residente na cidade, no final dos anos 70, não sabia se virar por lá, era perdido, não sabia, entre outras coisas, que era só pegar o ônibus "Cosme Velho" que a gente voltava pra casa. Minha tia até falou que quem parecia o carioca era eu e ele, o caipira de Nova Granada. Mas ele era feliz assim perdido.
Ao longo da vida, os episódios que guardei na memória, serviram para eu ir tirando conclusões. Estes que contei, por exemplo, no começo, me fizeram pensar "puxa, como as pessoas que moram em cidades grandes são ignorantes".
Mais tarde, provavelmente meu pensamento evoluiu para "eu sou o esquisito: a maioria das pessoas, sejam de cidades grandes ou pequenas, de qualquer país, não são enciclopédia ambulante".
Mais recentemente, minha amiga Vivian me chama de "Ralfo Discovery Channel", e olha que ela não fica longe. Na verdade, ela sabe de coisas que eu não tenho noção!
E ando triste. A última conclusão a que cheguei é que pessoas ignorantes são mais felizes. Quanto mais você toma consciência das coisas, menos você ri à toa.
Por exemplo: quando alguém nos Estados Unidos, onde fui várias vezes, me disse "no começo você se vestia estranho, agora você se parece com qualquer garoto da Califórnia, é um de nós". Fiquei feliz da vida por perder minha identidade, por me distanciar da minha origem.
Ou, quando um americano ao telefone me disse "puxa, seu inglês é perfeito, não tem nenhum sotaque! Eu falo com muitos brasileiros daí ao telefone e todos têm sotaque. Você parece um de nós!" Eu abanei o rabinho e dei cambalhotas.
Ou quando um britânico, depois de ser apresentado a mim em Salvador, em 1978, e conversarmos por um tempo, perguntou "de que lugar dos Estados Unidos você é mesmo?" Eu pulei, bati o focinho no sino e ganhei sardinhas, como uma foca amestrada!
Hoje, consciente de que sou colonizado, me sinto como o índio que foi obrigado a vestir roupas, ajoelhar diante da cruz feita de troncos na praia, teve de rezar em latim pra ser aceito e... continuou sendo índio até ser assimilado e exterminado.
De quem é a culpa de eu não ser mais bobo alegre? Chomsky, Milton Santos, Rui Costa Pimenta, Darcy Ribeiro, Fernando Morais? E agora? Eu me esforço para ser mais Maurício e menos Disney, mais Sítio do Pica-Pau Amarelo e menos Vila Sésamo, mais Almir Sater e menos Roy Orbison, mais Vanessa da Mata e menos Sheryl Crow.
E o que eu faço com meus alunos de inglês agora? Eu sou um agente do expansionismo cultural do imperialismo? Sou um quinta-coluna da invasão e desmonte da brasilidade? É muito conflito interno. Eu tento compensar com minhas charges, meu discurso, meus textos, meu posicionamento político, pra limpar minha barra mental.
Agora meus três filhos estão aprendendo inglês, pra eternizar a espécie, como minha mãe me ensinou. As crianças na Inglaterra, por exemplo, usam esse tempo com outra coisa, já são filhos com um "plus a mais" em relação aos meus. Pensaram nisso? É difícil competir no mundo. É triste. Nascemos em desvantagem. Fomos invadidos, colonizados. Devíamos exigir cotas.
O meu dique de resistência é a Coca-Cola. Pra mim é remédio, tal qual era quando foi inventada pelo farmacêutico Asa Candler em Atlanta. Li tudo a respeito. Dou aula disso. Ela é boa para quando me sinto entupido. E serve como produto de limpeza também. Desentope pia, limpa manchas na lataria do carro, desenferruja coisas, descola adesivos grudentos, tudo isso. Mas, para beber, sempre preferi guaraná.
Eu tenho receio de um produto industrializado que não descreve no rótulo o que eu estou consumindo. Afinal, do que é feito a Coca-Cola? Quais os ingredientes? Acho que é o único gênero alimentício do planeta que pode fazer segredo do que nos vende.
Se é um potente líquido de limpeza, que dano pode causar lá nas minhas entranhas? Aliás, eu sei. Testemunhei um professor de biologia fazendo uma experiência: levou um pedaço de fígado de boi em aula, cortou metade e jogou o pedaço dentro de um copo com água. Beleza. Jogou a outra metade dentro de um copo com Coca-Cola. Coitado do fígado. Pode fazer a experiência em sua casa para ver o efeito da decomposição, de preferência, não com o seu fígado.
Além disso, eu sempre gostei do sabor do guaraná mesmo, principalmente o da Antárctica (o da Brahma era um horror, era empurrado aos bares que tinham de comprar junto com a cerveja - e o Taí, da própria Coca-Cola, é só pra cumprir tabela também) ou qualquer tubaína (muitas têm mistura de guaraná com outros sabores, como maçã).
Lá em Nova Granada, tinha o delicioso guaraná Moscardini, caçulinha, presença obrigatória em todas as festinhas de aniversário. O velho Moscardini morreu e a fábrica fechou, os filhos não quiseram tocar o negócio, pena.
E eu tenho na estante, aqui do meu lado, uma lata e uma garrafinha do guaraná Jesus, do Maranhão, que foi comprado pela Coca-Cola, para evitar que expandisse e fizesse concorrência, pois já era possível encontrar em lojinhas de Fortaleza a São Paulo.
Além de Jesus, a Coca-Cola comprou também o Matte Leão (pelo fígado, talvez) e os sucos Kapo e Del Valle. Foi quando a minha amiga Paula (que trabalhava no marketing da Del Valle, em São Paulo, e o departamento foi fechado e suas operações transferidas para o quartel-general da Coca no Rio de Janeiro) fez a piada: "o único líquido (não laticínio) que a Coca-Cola ainda não comprou foi a SABESP".
A piada da Paula pode ter perdido a validade depois que o Alckmin colocou ações da Sabesp à venda na bolsa de valores de Nova York. A Coca-Cola já pode ter abocanhado um bom pedaço.
Essa é uma das diferenças em relação à concorrente Pepsi-Cola, que é mais sólida: é ou era dona de Elma Chips, Aveia Quaker, Atum e Sardinhas Coqueiro, achocolatado Toddy, biscoitos Mabel e sei lá mais o quê.
Mas o meu lance com o guaraná vai além do sabor. Primeiro: ééééééé dooooo Brasiiilll, sil, sil, sil, meu povo! Guaraná da Amazônia! É nosso. Nos filmes americanos não tem. Tem acento no á!
Segundo: tem minha ligação emocional com a minha avó, mãe da minha mãe, que costurava pacas e fez minhas fantasias de carnaval do Zorro e do Batman. Ela dançou comigo "New York, New York", cantada pelo Sinatra, no meu primeiro casamento, em 1986.
No ano seguinte, ela foi internada na Santa Casa de São José do Rio Preto e eu morava em Londrina, a 388 km, 5 horas de distância. Eu botei o carro na estrada e fui lá visitá-la no hospital. Ela disse para a enfermeira: "Este é meu neto mais velho. Ele veio de Londrina pra me ver".
Fiquei lá um tempo, até acabar o horário de visitas, e voltar para Londrina, para trabalho e faculdade de Jornalismo. Na despedida, eu disse: "Vó, eu preciso ir. Você quer alguma coisa?" E ela respondeu: "Um guaraná". Saí, comprei um guaraná em alguma padaria e voltei ao hospital. Me despedi dela e caí de novo na estrada pra seguir a vida. E ela morreu lá.
Eu bebo guaraná in memoriam.
Lembrando de tempos em que a gente tinha mais tempo. Tempo pra ficar com quem a gente gosta até morrer, não só dar um beijo e sair correndo, dava pra ouvir música, olhar pro céu e ver o tempo passar.
Mas vou confessar uma coisa: faz uns três dias, meus filhos compraram "chicletes" em forma de garrafinhas de Coca-Cola e com o sabor. Me deram uma. Achei gostosinho. Daí, por causa da chiclete, depois de muitos anos, me deu vontade de beber uma Coca-Cola, para espanto de mim mesmo.
De vez em quando eu testo pra ver se alguma coisa mudou. Eu não gostava de agrião, por exemplo, e agora vai. Conclusão: um horror, especialmente o resíduo que ficou no final. Continua remédio.
Mas se o assunto é alguma coisa grudenta ou manchada ou entupida, a primeira solução que me vem à cabeça, não é outra. Diabo Verde e água sanitária só me ocorre depois. E estive em abril no Mato Grosso entrevistando caminhoneiros para a revista Carga Pesada, quando um deles me revelou: peças do caminhão grudentas com graxa e barro, que eles não conseguem limpar com nada, gasolina, álcool, detergente ou nitroglicerina, só tem uma solução, que os caminhoneiros recomendam - Coca-Cola dissolve todo o enrosco.
Tá, nitroglicerina eu inventei.
Viva nóis.
Nessa época eu morava e estudava em Londrina, depois de um tempo em Ribeirão Preto e, antes, naquele vai e vem entre São José do Rio Preto e Nova Granada, desde 1959.
A mulher era secretária em uma imobiliária e o marido fazia manutenção de máquinas de café, da marca Seleto, em bares e padarias. Moravam na Vila Nova Iorque, na Zona Leste.
Estava passando um filme americano na TV e os personagens estavam bebendo Coca-Cola. A mulher comentou: "nossa, eles TAMBÉM têm Coca-Cola lá?!?" E ela disse aquilo sem nenhuma ponta de ironia ou sarcasmo. Era sério. Era ignorância pura mesmo. Ela achava que a bebida era brasileira.
E eles eram felizes assim sem noção. Riam muito. Nunca mais os vi.
Alguns anos antes, mais provavelmente uma década, lá em Nova Granada, uma menina que morava em Campinas, prima da minha namorada, estava visitando a cidade e passeando de carro conosco. De repente, ela nos assustou com um grito: "pára o carro!"
Para nosso espanto, tão grande quanto o dela, ela justificou sorrindo, feliz da vida com a descoberta: "Olha! Um sapo! Um SAPO!!!" Ela nunca tinha visto um sapo ao vivo na vida. Que alegria!
E lá no Rio de Janeiro, um outro sobrinho da minha tia, carioca e residente na cidade, no final dos anos 70, não sabia se virar por lá, era perdido, não sabia, entre outras coisas, que era só pegar o ônibus "Cosme Velho" que a gente voltava pra casa. Minha tia até falou que quem parecia o carioca era eu e ele, o caipira de Nova Granada. Mas ele era feliz assim perdido.
Ao longo da vida, os episódios que guardei na memória, serviram para eu ir tirando conclusões. Estes que contei, por exemplo, no começo, me fizeram pensar "puxa, como as pessoas que moram em cidades grandes são ignorantes".
Mais tarde, provavelmente meu pensamento evoluiu para "eu sou o esquisito: a maioria das pessoas, sejam de cidades grandes ou pequenas, de qualquer país, não são enciclopédia ambulante".
Mais recentemente, minha amiga Vivian me chama de "Ralfo Discovery Channel", e olha que ela não fica longe. Na verdade, ela sabe de coisas que eu não tenho noção!
E ando triste. A última conclusão a que cheguei é que pessoas ignorantes são mais felizes. Quanto mais você toma consciência das coisas, menos você ri à toa.
Minha ex-mulher dizia que essa aí era minha música.
Por exemplo: quando alguém nos Estados Unidos, onde fui várias vezes, me disse "no começo você se vestia estranho, agora você se parece com qualquer garoto da Califórnia, é um de nós". Fiquei feliz da vida por perder minha identidade, por me distanciar da minha origem.
Ou, quando um americano ao telefone me disse "puxa, seu inglês é perfeito, não tem nenhum sotaque! Eu falo com muitos brasileiros daí ao telefone e todos têm sotaque. Você parece um de nós!" Eu abanei o rabinho e dei cambalhotas.
Ou quando um britânico, depois de ser apresentado a mim em Salvador, em 1978, e conversarmos por um tempo, perguntou "de que lugar dos Estados Unidos você é mesmo?" Eu pulei, bati o focinho no sino e ganhei sardinhas, como uma foca amestrada!
Hoje, consciente de que sou colonizado, me sinto como o índio que foi obrigado a vestir roupas, ajoelhar diante da cruz feita de troncos na praia, teve de rezar em latim pra ser aceito e... continuou sendo índio até ser assimilado e exterminado.
De quem é a culpa de eu não ser mais bobo alegre? Chomsky, Milton Santos, Rui Costa Pimenta, Darcy Ribeiro, Fernando Morais? E agora? Eu me esforço para ser mais Maurício e menos Disney, mais Sítio do Pica-Pau Amarelo e menos Vila Sésamo, mais Almir Sater e menos Roy Orbison, mais Vanessa da Mata e menos Sheryl Crow.
E o que eu faço com meus alunos de inglês agora? Eu sou um agente do expansionismo cultural do imperialismo? Sou um quinta-coluna da invasão e desmonte da brasilidade? É muito conflito interno. Eu tento compensar com minhas charges, meu discurso, meus textos, meu posicionamento político, pra limpar minha barra mental.
Agora meus três filhos estão aprendendo inglês, pra eternizar a espécie, como minha mãe me ensinou. As crianças na Inglaterra, por exemplo, usam esse tempo com outra coisa, já são filhos com um "plus a mais" em relação aos meus. Pensaram nisso? É difícil competir no mundo. É triste. Nascemos em desvantagem. Fomos invadidos, colonizados. Devíamos exigir cotas.
"Hey, kiddo, if you learn English, I'll give you a Coke and superhero comic books!" |
O meu dique de resistência é a Coca-Cola. Pra mim é remédio, tal qual era quando foi inventada pelo farmacêutico Asa Candler em Atlanta. Li tudo a respeito. Dou aula disso. Ela é boa para quando me sinto entupido. E serve como produto de limpeza também. Desentope pia, limpa manchas na lataria do carro, desenferruja coisas, descola adesivos grudentos, tudo isso. Mas, para beber, sempre preferi guaraná.
Eu tenho receio de um produto industrializado que não descreve no rótulo o que eu estou consumindo. Afinal, do que é feito a Coca-Cola? Quais os ingredientes? Acho que é o único gênero alimentício do planeta que pode fazer segredo do que nos vende.
Se é um potente líquido de limpeza, que dano pode causar lá nas minhas entranhas? Aliás, eu sei. Testemunhei um professor de biologia fazendo uma experiência: levou um pedaço de fígado de boi em aula, cortou metade e jogou o pedaço dentro de um copo com água. Beleza. Jogou a outra metade dentro de um copo com Coca-Cola. Coitado do fígado. Pode fazer a experiência em sua casa para ver o efeito da decomposição, de preferência, não com o seu fígado.
Além disso, eu sempre gostei do sabor do guaraná mesmo, principalmente o da Antárctica (o da Brahma era um horror, era empurrado aos bares que tinham de comprar junto com a cerveja - e o Taí, da própria Coca-Cola, é só pra cumprir tabela também) ou qualquer tubaína (muitas têm mistura de guaraná com outros sabores, como maçã).
Lá em Nova Granada, tinha o delicioso guaraná Moscardini, caçulinha, presença obrigatória em todas as festinhas de aniversário. O velho Moscardini morreu e a fábrica fechou, os filhos não quiseram tocar o negócio, pena.
E eu tenho na estante, aqui do meu lado, uma lata e uma garrafinha do guaraná Jesus, do Maranhão, que foi comprado pela Coca-Cola, para evitar que expandisse e fizesse concorrência, pois já era possível encontrar em lojinhas de Fortaleza a São Paulo.
Além de Jesus, a Coca-Cola comprou também o Matte Leão (pelo fígado, talvez) e os sucos Kapo e Del Valle. Foi quando a minha amiga Paula (que trabalhava no marketing da Del Valle, em São Paulo, e o departamento foi fechado e suas operações transferidas para o quartel-general da Coca no Rio de Janeiro) fez a piada: "o único líquido (não laticínio) que a Coca-Cola ainda não comprou foi a SABESP".
A piada da Paula pode ter perdido a validade depois que o Alckmin colocou ações da Sabesp à venda na bolsa de valores de Nova York. A Coca-Cola já pode ter abocanhado um bom pedaço.
Essa é uma das diferenças em relação à concorrente Pepsi-Cola, que é mais sólida: é ou era dona de Elma Chips, Aveia Quaker, Atum e Sardinhas Coqueiro, achocolatado Toddy, biscoitos Mabel e sei lá mais o quê.
Mas o meu lance com o guaraná vai além do sabor. Primeiro: ééééééé dooooo Brasiiilll, sil, sil, sil, meu povo! Guaraná da Amazônia! É nosso. Nos filmes americanos não tem. Tem acento no á!
Segundo: tem minha ligação emocional com a minha avó, mãe da minha mãe, que costurava pacas e fez minhas fantasias de carnaval do Zorro e do Batman. Ela dançou comigo "New York, New York", cantada pelo Sinatra, no meu primeiro casamento, em 1986.
No ano seguinte, ela foi internada na Santa Casa de São José do Rio Preto e eu morava em Londrina, a 388 km, 5 horas de distância. Eu botei o carro na estrada e fui lá visitá-la no hospital. Ela disse para a enfermeira: "Este é meu neto mais velho. Ele veio de Londrina pra me ver".
Fiquei lá um tempo, até acabar o horário de visitas, e voltar para Londrina, para trabalho e faculdade de Jornalismo. Na despedida, eu disse: "Vó, eu preciso ir. Você quer alguma coisa?" E ela respondeu: "Um guaraná". Saí, comprei um guaraná em alguma padaria e voltei ao hospital. Me despedi dela e caí de novo na estrada pra seguir a vida. E ela morreu lá.
Eu bebo guaraná in memoriam.
Lembrando de tempos em que a gente tinha mais tempo. Tempo pra ficar com quem a gente gosta até morrer, não só dar um beijo e sair correndo, dava pra ouvir música, olhar pro céu e ver o tempo passar.
Mas vou confessar uma coisa: faz uns três dias, meus filhos compraram "chicletes" em forma de garrafinhas de Coca-Cola e com o sabor. Me deram uma. Achei gostosinho. Daí, por causa da chiclete, depois de muitos anos, me deu vontade de beber uma Coca-Cola, para espanto de mim mesmo.
De vez em quando eu testo pra ver se alguma coisa mudou. Eu não gostava de agrião, por exemplo, e agora vai. Conclusão: um horror, especialmente o resíduo que ficou no final. Continua remédio.
Mas se o assunto é alguma coisa grudenta ou manchada ou entupida, a primeira solução que me vem à cabeça, não é outra. Diabo Verde e água sanitária só me ocorre depois. E estive em abril no Mato Grosso entrevistando caminhoneiros para a revista Carga Pesada, quando um deles me revelou: peças do caminhão grudentas com graxa e barro, que eles não conseguem limpar com nada, gasolina, álcool, detergente ou nitroglicerina, só tem uma solução, que os caminhoneiros recomendam - Coca-Cola dissolve todo o enrosco.
Tá, nitroglicerina eu inventei.
Viva nóis.
sexta-feira, 19 de maio de 2017
FORA DA MATRIX
Segundo o histórico do YouTube, eu estou viciado no Rui Costa Pimenta desde outubro do ano passado, quando me foi indicado por amigos. Fico ávido esperando o próximo sábado, quando ele grava outro vídeo analisando os acontecimentos políticos da semana. A transmissão é ao vivo, no final da manhã, mas as atribulações da vida em família, com filhos menores de idade, gatos e jabutis, quase nunca me permitem duas horas em frente ao computador nesse horário. Então acabo assistindo à gravação depois, muitas vezes em doses homeopáticas, ao longo de uns dois dias.
O programa consiste no Rui, presidente do Partido da Causa Operária, falando sobre acontecimentos nacionais e internacionais daquela semana e depois responde a perguntas dos internautas (que participaram ao vivo) e da plateia do auditório onde é feita a gravação.
Eu nunca fiz pergunta nenhuma porque nunca assisti ao vivo. Mas fiquei tão fã, que saí de casa numa noite, durante a semana, para vê-lo pessoalmente no Sindicato dos Professores (APEOESP), na Praça da República, em São Paulo. Vi, cumprimentei e falei para ele que o assistia sem concordar com tudo que ele dizia. Mas assistia mesmo assim, discordando, enfrentando a mim mesmo.
Eu me senti como o Neo, personagem interpretado pelo ator Keanu Reeves, na trilogia de filmes "Matrix". Rui seria o Morpheus, interpretado por Laurence Fishburne, me oferecendo um pílula vermelha para eu enxergar fora do sistema ou a pílula azul para eu continuar confortável no meu mundinho.
E a pílula vermelha é difícil de engolir. Eu só engoli uns 80%. Talvez um pouco mais.
O Neo, do Keanu, rearranjando as letras, era ONE (the One, o escolhido, o enviado). No meu caso, eu sou neo mesmo, de novo, de verde. Embora eu já tenha quase a mesma idade que o garoto João Doria Jr., muita coisa que ouço o Rui dizer me choca.
Eu sou literalmente verde: por preguiça, ainda não fui rasgar a minha ficha de filiação ao PV, de uma época em que eu acreditava em Greenpeace e Al Gore e achava que "we are the world", sem fronteiras (e sem sinal da TIM), uma consciência global. Tem duas "filhas" minhas plantadas nas calçadas do centro de São Paulo (de três, que eu paguei do meu bolso - uns R$ 50 cada muda - e plantei no aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo - saímos pela cidade plantando 450 mudas de árvores,que ficavam estocadas nos fundos da Mansão Matarazzo, na avenida Paulista). A terceira foi depredada na infância, na rua Paim, em frente ao Teatro Maria Della Costa. As duas sobreviventes estão na rua Santo Antonio, atrás do Café Bexiga, e na rua Marques de Itú, ao lado da Santa Casa. Sempre que passo, dou um oi pra elas.
Eu sou idealista. E o PV (local) deixou de ser (ou nunca foi). Virou um apêndice tucano e votou, nas últimas decisões dos parlamentos, sempre ao contrário do que eu penso. Nos EUA, o meu xará, Ralph Nader, parece que se mantém coerente. Os verdes do partido unificado europeu eu sei lá.
Aquilo que eu perseguia, um mundo unificado (coisa de Gene Roddenberry, de Star Trek), não é para este planeta. Só dá para unificar coisas iguais, do mesmo nível. Do contrário, vai ser sempre dominação e submissão, seja Brasil e Paraguai ou EUA e México. Os mexicanos estão na América do Norte, mas do lado de cá do muro, barrados no baile. O dia em que, do Rio Grande pra baixo, até a Patagônia, o povo acordar, engolir pelo menos 60% da pílula da libertação do torpor, o mundo vai virar de ponta cabeça.
Uma das coisas que me atraiu na "pregação do pastor Pimenta" é a defesa da Legalidade (mesmo pregando que a democracia é invenção da burguesia para manter o povo crédulo e dócil), como o Brizola (outro ídolo meu, minha primeira escolha em 1989) fez em 1961, apoiando o cunhado. O PCO defende a Dilma (como eu) como o PT deveria! Para mim, foi um absurdo a bundamolice dos petistas elegerem uma presidenta pela segunda vez, a primeira mulher a ocupar o cargo, e não lutar por ela. E eu não sou petista. Não vou repetir tudo que já escrevi em outra postagem.
Até onde eu entendi, o PCO não comunga do pragmatismo do PT, não faz conciliação com a direita e ponto final. Tanto é que faziam parte do PT até 1991, como uma corrente interna, até serem expulsos por não concordarem com as alianças com PMDB, com Maluf, com Deus e o diabo. O PCO não está nem aí se não consegue eleger ninguém sendo durão, não se flexionando, sendo utópico total e não chegando a lugar nenhum. Ótimo! É a minha cara. Eles seguem Marx. E eu, sempre fui meio Groucho Marx, que rejeitava um clube que o aceitasse como membro.
Digamos que eu não fosse totalmente virgem, já que desde o meu primeiro voto na vida, em 1978, dei para o Fernando Moraes (baixei "A Ilha" e "Olga" em PDF) e para o Audálio Dantas (Clementina de Jesus), mas também para o FHC para o Senado (parecia ser melhor opção que o Quércia - eu nunca anulei o voto ou votei em branco em toda a minha vida). Mais recentemente, desde talvez 2011, vinha assistindo, no YouTube, tudo que encontrava sobre Zeitgeist, Peter Joseph, Jacque Freco, Venus Project e Bernie Sanders.
Mas Rui remexeu com a minha cabeça, que tem mais de meio século de Beatles e Disney, desde a mãe professora de inglês em casa, embora tenha lido "As Veias Abertas da América Latina" três vezes! Mas chorei quando Disney morreu, em 1966, como se tivesse sido meu avô. Eu tinha 7.
É difícil vestir a carapuça de colonizado. Eu achava que fazia parte do mundo. Tanto faz gostar de Sheryl Crow ou de Almir Sater. De Disney e de Maurício. Mas torço o nariz para Halloween e prefiro Lobato, a Cuca, o Saci, o folclore indígena de Pindorama.
Depois de assistir cada programa do Rui, eu passo a semana refletindo e lutando internamente. Faz bem. Tira o pó do cérebro. A rejeição tem diminuído. E passei a procurar no YouTube gravações antigas, de quando o Rui era mais magro e penteava o cabelo de lado.
Ontem à noite assisti a análise dele sobre "os três Getúlio Vargas": o revolucionário dos anos 30 que deu um golpe de estado, o outro golpista dos anos 40, que era fascista, alinhado com Mussolini, tinha polícia política, tortura, fechou o parlamento e partidos políticos, mas também nacionalista e pragmático com os EUA (mandou a FEB lutar contra a Itália - único país da América Latina a mandar tropas para a Segunda Guerra ao lado dos gringos, trocou a base em Natal pela Companhia Siderúrgica Nacional etc) e o "terceiro Getúlio", que se elegeu pelo voto democrático, implantou leis trabalhistas avançadas e se suicidou, em 1954, para evitar um golpe contra si.
Sensacional. É o que tenho assistido na cama, à noite, no tablet ou no celular. Quando alguém me pergunta se eu assisti alguma coisa na televisão, eu tenho que me esforçar pra lembrar se eu tenho televisão em casa.
Talvez eu não tenha postado nada neste blog desde novembro do ano passado justamente por estar processando as ideias, além, claro, de ter estado ocupado em viagens pela revista Carga Pesada.
Veja abaixo trechos de alguns programas. Se segure para o impacto.
O programa consiste no Rui, presidente do Partido da Causa Operária, falando sobre acontecimentos nacionais e internacionais daquela semana e depois responde a perguntas dos internautas (que participaram ao vivo) e da plateia do auditório onde é feita a gravação.
Eu nunca fiz pergunta nenhuma porque nunca assisti ao vivo. Mas fiquei tão fã, que saí de casa numa noite, durante a semana, para vê-lo pessoalmente no Sindicato dos Professores (APEOESP), na Praça da República, em São Paulo. Vi, cumprimentei e falei para ele que o assistia sem concordar com tudo que ele dizia. Mas assistia mesmo assim, discordando, enfrentando a mim mesmo.
Eu me senti como o Neo, personagem interpretado pelo ator Keanu Reeves, na trilogia de filmes "Matrix". Rui seria o Morpheus, interpretado por Laurence Fishburne, me oferecendo um pílula vermelha para eu enxergar fora do sistema ou a pílula azul para eu continuar confortável no meu mundinho.
E a pílula vermelha é difícil de engolir. Eu só engoli uns 80%. Talvez um pouco mais.
O Neo, do Keanu, rearranjando as letras, era ONE (the One, o escolhido, o enviado). No meu caso, eu sou neo mesmo, de novo, de verde. Embora eu já tenha quase a mesma idade que o garoto João Doria Jr., muita coisa que ouço o Rui dizer me choca.
Eu sou literalmente verde: por preguiça, ainda não fui rasgar a minha ficha de filiação ao PV, de uma época em que eu acreditava em Greenpeace e Al Gore e achava que "we are the world", sem fronteiras (e sem sinal da TIM), uma consciência global. Tem duas "filhas" minhas plantadas nas calçadas do centro de São Paulo (de três, que eu paguei do meu bolso - uns R$ 50 cada muda - e plantei no aniversário de 450 anos da cidade de São Paulo - saímos pela cidade plantando 450 mudas de árvores,que ficavam estocadas nos fundos da Mansão Matarazzo, na avenida Paulista). A terceira foi depredada na infância, na rua Paim, em frente ao Teatro Maria Della Costa. As duas sobreviventes estão na rua Santo Antonio, atrás do Café Bexiga, e na rua Marques de Itú, ao lado da Santa Casa. Sempre que passo, dou um oi pra elas.
Eu sou idealista. E o PV (local) deixou de ser (ou nunca foi). Virou um apêndice tucano e votou, nas últimas decisões dos parlamentos, sempre ao contrário do que eu penso. Nos EUA, o meu xará, Ralph Nader, parece que se mantém coerente. Os verdes do partido unificado europeu eu sei lá.
Aquilo que eu perseguia, um mundo unificado (coisa de Gene Roddenberry, de Star Trek), não é para este planeta. Só dá para unificar coisas iguais, do mesmo nível. Do contrário, vai ser sempre dominação e submissão, seja Brasil e Paraguai ou EUA e México. Os mexicanos estão na América do Norte, mas do lado de cá do muro, barrados no baile. O dia em que, do Rio Grande pra baixo, até a Patagônia, o povo acordar, engolir pelo menos 60% da pílula da libertação do torpor, o mundo vai virar de ponta cabeça.
Uma das coisas que me atraiu na "pregação do pastor Pimenta" é a defesa da Legalidade (mesmo pregando que a democracia é invenção da burguesia para manter o povo crédulo e dócil), como o Brizola (outro ídolo meu, minha primeira escolha em 1989) fez em 1961, apoiando o cunhado. O PCO defende a Dilma (como eu) como o PT deveria! Para mim, foi um absurdo a bundamolice dos petistas elegerem uma presidenta pela segunda vez, a primeira mulher a ocupar o cargo, e não lutar por ela. E eu não sou petista. Não vou repetir tudo que já escrevi em outra postagem.
Até onde eu entendi, o PCO não comunga do pragmatismo do PT, não faz conciliação com a direita e ponto final. Tanto é que faziam parte do PT até 1991, como uma corrente interna, até serem expulsos por não concordarem com as alianças com PMDB, com Maluf, com Deus e o diabo. O PCO não está nem aí se não consegue eleger ninguém sendo durão, não se flexionando, sendo utópico total e não chegando a lugar nenhum. Ótimo! É a minha cara. Eles seguem Marx. E eu, sempre fui meio Groucho Marx, que rejeitava um clube que o aceitasse como membro.
Digamos que eu não fosse totalmente virgem, já que desde o meu primeiro voto na vida, em 1978, dei para o Fernando Moraes (baixei "A Ilha" e "Olga" em PDF) e para o Audálio Dantas (Clementina de Jesus), mas também para o FHC para o Senado (parecia ser melhor opção que o Quércia - eu nunca anulei o voto ou votei em branco em toda a minha vida). Mais recentemente, desde talvez 2011, vinha assistindo, no YouTube, tudo que encontrava sobre Zeitgeist, Peter Joseph, Jacque Freco, Venus Project e Bernie Sanders.
Mas Rui remexeu com a minha cabeça, que tem mais de meio século de Beatles e Disney, desde a mãe professora de inglês em casa, embora tenha lido "As Veias Abertas da América Latina" três vezes! Mas chorei quando Disney morreu, em 1966, como se tivesse sido meu avô. Eu tinha 7.
É difícil vestir a carapuça de colonizado. Eu achava que fazia parte do mundo. Tanto faz gostar de Sheryl Crow ou de Almir Sater. De Disney e de Maurício. Mas torço o nariz para Halloween e prefiro Lobato, a Cuca, o Saci, o folclore indígena de Pindorama.
Eu fiz essa charge aí em cima em abril de 2016. É uma visão de futuro (não da ponte). Estou esperando chegar essa segunda-feira. Mas tenho fé que ela vai acontecer. Ultimamente, parece próxima. |
Ontem à noite assisti a análise dele sobre "os três Getúlio Vargas": o revolucionário dos anos 30 que deu um golpe de estado, o outro golpista dos anos 40, que era fascista, alinhado com Mussolini, tinha polícia política, tortura, fechou o parlamento e partidos políticos, mas também nacionalista e pragmático com os EUA (mandou a FEB lutar contra a Itália - único país da América Latina a mandar tropas para a Segunda Guerra ao lado dos gringos, trocou a base em Natal pela Companhia Siderúrgica Nacional etc) e o "terceiro Getúlio", que se elegeu pelo voto democrático, implantou leis trabalhistas avançadas e se suicidou, em 1954, para evitar um golpe contra si.
Sensacional. É o que tenho assistido na cama, à noite, no tablet ou no celular. Quando alguém me pergunta se eu assisti alguma coisa na televisão, eu tenho que me esforçar pra lembrar se eu tenho televisão em casa.
Talvez eu não tenha postado nada neste blog desde novembro do ano passado justamente por estar processando as ideias, além, claro, de ter estado ocupado em viagens pela revista Carga Pesada.
Veja abaixo trechos de alguns programas. Se segure para o impacto.
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